Illescas empata com Deep Junior 11

No último dia 5 de junho, foi organizado um match de exibição entre o grande mestre Miguel Illescas, atual campeão da Espanha, e o campeão mundial de computadores, Deep Junior, com sua última versão 11, que ainda não está sendo distribuída comercialmente.

A essência do match ficava bem refletida no lema do evento: "Espírito contra Matéria" e supõe um novo desafio na luta entre o homem e a máquina, que parecia já decidida desde a derrota de Kasparov frente a Deep Blue e da mais recente de Kramnik frente a Deep Fritz, no passado ano.

No entanto, nesta oportunidade, foram introduzidos alguns fatores novos. As derrotas de ambos os campeões foram frente a programas líderes na tecnologia, como é também o caso de Deep Junior. Mas, desta vez, o humano estava ajudado por uma versão anterior do próprio programa, claramente inferior, mas que contribuiria para nivelar a balança quanto às possibilidades de cálculo, favorecendo a que o humano pudesse concentrar-se mais nos aspectos estratégicos da partida.

Dessa forma, este original experimento científico se propunha a lançar um pouco de luz às seguintes questões: Entendem realmente de xadrez os programas atuais? Até que ponto a intervenção humana pode influir no duelo entre máquinas?

Assim, Illescas foi ajudado pelo programa Junior 10, funcionando em seu computador portátil, enquanto Deep Junior rodava em um computador comercial muito moderno, com processador Dual Core E8200, com uma velocidade de 2,6 GHz e 4 GB de Ram.

Como contrapartida, o ritmo de jogo estabelecido era bastante rápido (20 minutos para a partida com um incremento de 10 segundos por jogada), o que supõe um fator favorável às máquinas. Isso certamente dá maior mérito ao resultado final de Illescas, que empatou as duas partidas. Na primeira, onde levou as brancas, não teve nenhuma dificuldade, ainda que tenha usado bastante tempo e, ao final, tenha enfrentado problemas com o relógio. Mas na segunda passou por momentos de dificuldades e só sua experiência lhe permitiu encontrar uma boa defesa que levou a partida ao empate.

O interessante da experiência é que pela primeira vez o humano tinha uma espécie de ajudante “calculista”, ainda que, neste sentido, o conjunto ainda era inferior ao adversário, bem mais rápido, ao tratar-se de uma versão melhorada correndo sobre um hardware mais avançado.

Tratava-se de comprovar se deste modo o melhor entendimento dos fatores estratégicos do grande mestre podia compensar a diferença e, a julgar pelo resultado, parece que, em parte, isso ocorreu.

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