O grande mestre espanhol Francisco Vallejo Pons foi o vencedor da décima sétima ediçao do Torneio Internacional de Pamplona, realizado de 21 a 29 de dezembro de 2007.
Classificação final:
1. Vallejo Pons, Francisco (ESP) 4½
2. Wang Yue (CHN) 4
3. Jobava, Baadur (GEO) 4
4. Movsesian, Sergei (SVK) 3½
5. Beliavsky, Alexander (SLO) 3½
6. Khamrakulov, Ibragim S (ESP) 3½
7. Rodshtein, Maxim (ISR) 3
8. Sargissian, Gabriel (ARM) 2
Partidas em pgn: Twic
segunda-feira, 31 de dezembro de 2007
Pamplona 2007
domingo, 30 de dezembro de 2007
Campeonato Russo 2007 - Super Final
O grande mestre Alexander Morozevich foi o campeão do Campeonato Russo, realizado de 17 a 30 de Dezembro de 2007, em Moscou.
Classificação Final
Masculino:
1. Morozevich, Alexander (2755) 8
2. Grischuk, Alexander (2715) 7
3. Tomashevsky, Evgeny (2646) 6½
4. Dreev, Alexey (2607) 5½
5. Inarkiev, Ernesto (2674) 5½
6. Vitiugov, Nikita (2594) 5½
7. Sakaev, Konstantin (2634) 5½
8. Jakovenko, Dmitry (2710) 5½
9. Svidler, Peter (2732) 5
10. Amonatov, Farrukh (2637 ) 4½
11. Rychagov, Andrey (2528) 4
12. Timofeev, Artyom (2637) 3½
Feminino:
1. Kosintseva, Tatiana (2492) 7
2. Tairova, Elena (2391) 7
3. Ovod, Evgenija (2386) 7
4. Korbut, Ekaterina (2443) 7
5. Pogonina, Natalija (2462) 6
6. Kosintseva, Nadezhda (2469) 6
7. Matveeva, Svetlana (2433) 5½
8. Shadrina, Tatiana (2379) 5½
9. Stepovaia, Tatiana (2375) 5
10. Girya, Olga (2338) 4
11. Kovalevskaya, Ekaterina (2448) 3½
12. Gunina, Valentina (2359) 2½
Partidas em pgn:
Masculino | Feminino
Sala Postal Clube Torre21
A Sala Postal do site Clube Torre21 conta com os mais modernos recursos informáticos, facilitando a prática da modalidade mesmo aos enxadristas menos experientes.
Entre outras vantagens que o sistema empregado oferece, está a possibilidade de realização dos lances mediante uma interface, ou seja, não é necessário nem mesmo conhecer o sistema de anotação de partidas, além de ser possível efetuar os lances a partir de qualquer computador.
É, sem dúvida, um dos melhores lugares para se praticar o xadrez por e-mail.
Cique aqui para acessar o site.
Xadrez on-line
Atualmente, existem vários sites dedicados ao jogo de xadrez on-line. Os que listamos aqui - todos gratuitos - foram testados e aprovados, depois de várias partidas jogadas.
Clube Torre21
InterAjedrez (espanhol)
CEX (português)
Yahoo (português, vários idiomas)
FICS - Free Internet Chess Server (inglês)O poder invisível que nos governa
O xadrez é um jogo de inteligência que requer conhecimentos. Os conhecimentos são objetos do saber que servem de base para a elaboração das idéias. Constituem uma função psíquica complexa, dinâmica e estruturada.
Segundo o psicólogo e enxadrista Nicolas Krogius, "o escasso conhecimento das posições típicas do meio jogo e dos finais, e particularmente dos esquemas de desenvolvimento e variantes de abertura, faz com que se use mais tempo em meditar sobre a posição... A insuficiente e frágil informação teórica faz com que vacilemos."
Para a fisióloga P. Simonova, "a origem das emoções negativas está na insuficiência de informação. Por exemplo: o indivíduo que desconhece as normas de trânsito experimenta uma sensação de temor ao atravessar uma via concorrida."
Pelo visto, acrescenta Krogius, "o enxadrista experimenta uma sensação parecida quando, com um escasso caudal de conhecimentos, trata de cruzar a "artéria principal do xadrez"; isto é, se decide a eleger um movimento em posições analisadas pela teoria."
O filósofo inglês John Locke (1632 1704), em seu livro "A direção do entendimento", adverte: "Em realidade, as idéias e as imagens na mente dos homens são os poderes invisíveis que constantemente os governam; a elas todos os homens prestam sua mais fiel submissão. É, portanto, da maior importância que se vigie estreitamente o conhecimento, para utilizá-lo acertadamente na condução do saber e na produção dos juízos."
Também a filósofa e escritora espanhola Maria Zambrano escreveu: "O conhecimento não é uma ocupação da mente, senão um exercício que transforma a alma inteira, que afeta a vida em sua totalidade."
Partida da décima rodada do Campeonato Continental das Américas.
Brancas: Manuel Leon Hoyos (2281)
Negras: Jorge Vera Infran (2189)
Buenos Aires, Argentina, 28 de agosto de 2003
Defesa siciliana, variante dragão, (Eco B76)
1.e4 c5 2.Cf3 d6 3.d4 cxd4 4.Cxd4 Cf6 5.Cc3 g6 6.Be3 Bg7 7.f3 0-0 8.Dd2 Cc6 9.0-0-0 d5 10.Rb1 Cxd4 11.e5 Cd7 12.Bxd4 e6 13.f4 f6 14.exf6 Cxf6 15.Be2 Ce8 16.Bxg7 Cxg7 17.g4 Dh4 18.De3 Bd7 19.Thg1 Tae8 20.Tdf1 Df6 21.Dxa7 Ta8 22.Db6 Bc6 23.Bd3 e5 24.fxe5 Dxe5 25.h3 Ce6 26.Te1 Dd6 27.Cb5 Dd7 28.Cd4 Cf4 29.Tg3 Tae8 30.Td1 Cxd3 31.Tgxd3 Tf4 32.b3 Tf6 33.Dc5 De7 34.Da5 Tf2 35.T3d2 De3 36.Txf2 Dxf2 37.Rb2 Df7 38.Dc3 Dg7 39.Cxc6 bxc6 40.Dxg7+ Rxg7 41.Rc3 Te4 42.a4 Rf7 43.a5 Re7 44.a6 Rd6 45.Ta1 Te8 46.Rb4 Tb8+ 47.Rc3 Rc5 48.b4+ Rb6 49.Rd4 h5 50.g5 Ra7 51.c3 Te8 52.Rc5 Te3 53.Tc1 Te6 54.Tf1 Te3 55.Rxc6 Txc3+ 56.Rb5 Tc7 57.Td1 Td7 58.Rc6 Tf7 59.b5 Tf3 60.b6+ Ra8 61.Txd5 Tc3+ 62.Tc5 Txh3 63.Rc7 Tb3 64.Te5 Tc3+ 65.Rd6 Td3+ 66.Rc5 Td8 67.Te7 h4 68.Th7 h3 69.Txh3 Tg8 70.Th6 Rb8 71.Rb5 Tf8 72.a7+, as negras abandonam,1-0
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
Diálogos da alma consigo mesma
O grande mestre Vasily Smyslov, campeão do mundo em 1957, disse: "Uma partida de xadrez é uma obra de arte entre duas mentes que necessitam equilibrar duas metas às vezes contraditórias: ganhar e produzir beleza. A maestria significa um logro criador e uma conquista científica."
Pensar é uma atividade dirigida aos objetos tendente a sua apreensão; nisso consiste o xadrez.
Certa vez, o poeta argentino Jorge Luis Borges comentou: "Meus amigos me dizem que os pensamentos de Pascal lhes servem para pensar. Certamente, não há nada no universo que não sirva de estímulo ao pensamento..."
Federico Hegel, em seu ensaio "Introdução à história da filosofia", assegura que "o pensamento é uma manifestação". Assim, as estruturas lógicas do pensamento enxadrístico se manifestam em jogadas, seqüências e combinações. O xadrez (suas regras, o valor das peças, seus movimentos, seus princípios, etc) é um sistema de signos cujo propósito é representar uma batalha entre dois bandos. Por isso é considerado um jogo educativo para desenvolver o pensamento lógico.
Durante a batalha, o ato de pensar consiste em calcular, analisar, deduzir. Borges conjeturou que mediante o ato de pensar "Pascal descobriu Deus, porém sua manifestação dessa felicidade é menos eloqüente que sua manifestação da solidão." Porém outro filósofo, o grego Platão, definiu o pensamento como um "dialogo da alma consigo mesma". Seja como for, o xadrez é um jogo de pensar.
Partida do Campeonato Continental das Américas, disputado em Buenos Aires, Argentina. As brancas adotam uma abertura inglesa e tratam de tomar a iniciativa. As negras resistem ordenadamente às primeiras escaramuças e logo passam ao contra-ataque ao apoderarem-se dos principais espaços e serem as primeiras a orientar suas forças até o enclave rival.
Brancas: B. Altamirano (2333)
Negras: Julio Granda Zuñiga (2641)
Buenos Aires, Argentina, 17 de agosto de 2003
Apertura inglesa, (Eco A25)
1.c4 e5 2.g3 Cc6 3.Bg2 g6 4.Cc3 Bg7 5.e4 d6 6.Cge2 Bg4 7.f3 Be6 8.Cd5 Cge7 9.d3 0-0 10.0-0 f5 11.Be3 Dd7 12.Dd2 Rf7 13.Tae1 Taf8 14.b4 Cc8 15.b5 Cd8 16.exf5 Bxf5 17.d4 c6 18.bxc6 bxc6 19.Cb4 Cb6 20.Tc1 exd4 21.Bxd4 Be6 22.Bxg7 Txg7 23.c5 dxc5 24.Dxd7 Txd7 25.Txc5 Bc4, as brancas abandonam, 0-1
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
Os três fatores determinantes
Espaço, força e tempo são os três fatores determinantes da luta enxadrística. O espaço corresponde ao tabuleiro, a força às peças e o tempo às jogadas; cada jogada é um tempo.
O mestre Andrew Soltis, em seu livro 'Finales de ajedrez', editorial Aguilar, México, 2002, diz: "O espaço é muito importante. Uma posição restringida usualmente é desfavorável."
O estrategista chinês Sun Tzu, em "A arte da guerra", diz: "Se se consegue obter vantagem de espaço, até as tropas fracas e inconsistentes poderão vencer. Com mais razão as tropas aguerridas e fortes! Se em tal caso as tropas podem ser eficazmente utilizadas é porque estão dispostas de acordo com as características do terreno."
O poeta mexicano Octavio Paz, em 'Vision' diz:
"Me vi al cerrar los ojos:
espacio, espacio
donde estoy y no estoy."
A força reside nas peças, porém se expressa mediante a vontade. No fundo, é esta que conduz e decide a contenda; e quem dispõe do espaço irradia a força e usa o tempo; é quem determina o curso das ações e determina o resultado.
O filósofo alemão Friedrich Nietzche, em seu poema, "Hacia nuevos mares", canta:
"Todo resplandece nuevo y renovado,
dormita en el espacio y el tiempo el mediodía.
Sólo tu ojo, desmesurado
me contempla ¡Oh Eternidad!"
Partida da oitava rodada do Torneio Internacional de Biel, Suíça.
Cedo, as brancas conseguem destruir a fortaleza do rei negro, porém as negras agrupam suas peças e as fazem cumprir um labor defensivo e, ao mesmo tempo, ofensivo. Após uma longa luta pelo controle do espaço, as brancas traçam um plano a longo prazo que culmina com um ataque desde a retaguarda.
Brancas: Etienne Bacrot (2645)
Negras: Yannick Pelhetier (2602)
Biel, Suíça, 29 de julho de 2003
Defesa francesa, variante Winawer, (Eco C18)
1.e4 e6 2.d4 d5 3.Cc3 Bb4 4.e5 Ce7 5.a3 Bxc3+ 6.bxc3 c5 7.Dg4 0-0 8.Bd3 f5 9.exf6 Txf6 10Bg5 Tf7 11.Dh5 g6 12.Dd1 Cbc6 13.Cf3 Df8 14.0-0 c4 15.Be2 h6 16.Bc1 Rh7 17.a4 Bd7 18.Ba3 Db8 19.Dd2 Cf5 20.Tab1 Dc7 21.Bc1 g5 22.h4 g4 23.Ch2 h5 24.Dg5 Cg7 25.Te1 Th8 26.Cf1 Tf5 27.De3 Ce7 28.Dg3 Dc8 29.f3 gxf3 30.Bxf3 Bxa4 31.Bg5 Cg6 32.Ta1 b5 33.Dd6 Df8 34.Dh2 Tf7 35.Cg3 Rg8 36.Te2 Dd6 37.Dh3 Cf4 38.Bxf4 Txf4 39.Te5 De7 40.Tg5 Bxc2 41.Cxh5 Txh5 42.Bxh5 Tf5 43.Txf5 Bxf5 44.Bg4 b4 45.Bxf5 Cxf5 46.Dg4+ Rf8 47.cxb4 Dxb4 48.Dg6 Db6 49.Df6+ Rg8 50.Rh1 c3 51.Tc1 Cg3+ 52.Rh2 Ce4 53.Dg6+ Rf8 54.Tf1+ Re7 55.Dg7+ Rd6 56.Df8+ Rc6 57.De8+ Rd6 58.Tf7 Dxd4 59.Db8+, as negras abandonam, 1-0
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
Não permitam que ninguém se renda
O xadrez é um jogo que requer constância e determinação para lutar. O mestre Richard Reti dizia: "Porque na idéia do xadrez e no desenvolvimento da mente enxadrística temos um quadro da luta intelectual da humanidade."
O grande mestre Alex Yermolinsky, em seu texto "O caminho para o progresso no xadrez", sustenta: "Alguém disse uma vez que a partida de xadrez não é ganha por um dos jogadores, mas perdida pelo adversário. O conselho é antigo e simples: continue lutando e coisas boas acontecerão. Muitos grandes jogadores gozam da habilidade de lutar até o fim, para encontrar novas possibilidades, para apresentar novos problemas a seu adversário. Isso é verdade tanto para o ataque como para a defesa."
Em muito depende das circunstâncias da luta, porém a determinação para continuar o combate, ainda em situações desesperadas, é um fator psicológico que caracteriza os bons competidores. O célebre marechal inglês Bernard Montgomery (1887 - 1976) falou assim a suas tropas antes da batalha de "O Alamein", na qual venceu ao general Erwin Rommel, na segunda guerra mundial: "Não permitam que ninguém se renda enquanto não esteja ferido e possa seguir lutando." Disso se trata.
A seguinte partida é a quinta do match entre o israelense Boris Gelfand e a grande mestra húngara Judith Polgar. O encontro foi a 8 partidas rápidas. O resultado final foi 6 a 2 a favor de Gelfand.
Pelos caminhos de uma variante clássica de uma defesa índia de rei, as brancas lançam um ataque prematuro, que desarticula a defesa das negras. Uma vez que tenham obtido a qualidade, procedem de maneira a realizar trocas, varrem os peões inimigos e se impõem.
Brancas: Boris Gelfand (2695)
Negras: Judith Polgar (2718)
Pacs, Hungria, 12 de julho de 2003
Defesa índia de rei, (Eco E92)
1.d4 Cf6 2.Cf3 g6 3.c4 Bg7 4.Cc3 0-0 5.e4 d6 6.Be2 e5 7.Be3 Cg4 8.Bg5 f6 9.Bh4 Ch6 10.dxe5 dxe5 11.Dxd8 Txd8 12.Cd5 g5 13.Cxc7 gxh4 14.Cxa8 Ca6 15.c5 Cxc5 16.Cc7 Cxe4 17.0-0 Cf5 18.Tfd1 Tf8 19.Bc4+ Rh8 20.Ce6 Te8 21.Bb5 Tg8 22.Bd7 Bh6 23.Bxc8 Txc8 24.Td8+ Txd8 25.Cxd8 Ced6 26.Td1 Bf8 27.Ce6 Be7 28.Tc1 e4 29.Cfd4 Cxd4 30.Cxd4 Rg8 31.Tc5 Rf7 32.Cf5 b6 33.Cxd6+ Bxd6 34.Th5 Rg6 35.Txh4 f5 36.g4 Rg5 37.Txh7 Rxg4 38.Txa7 Rf3 39.Tf7 f4 40.Rf1 b5 41.a3 Bc5 42.Tf5 Ad4 43.b3 Bb2 44.a4 bxa4 45.bxa4 Rg4 46.Tb5, as negras abandonam. 1-0
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
As combinações destruidoras
Destruir é desfazer, arruinar ou danificar uma coisa. O xadrez é um jogo que consiste em construir uma posição própria favorável e, ao mesmo tempo, paralisar, desorganizar e destruir a do adversário.
O mestre I. Bondarewski, em seu livro "Tática do meio Jogo", coleção Escaques, edições Martinez Roca, diz: "Se uma combinação está dirigida contra um determinado objetivo e vai acompanhada de sacrifícios para deixar dito objetivo exposto a um subseqüente ataque, dizemos que se conduziu uma combinação destruidora... trata-se de destruir a maior parte de sua cobertura protetora de peças e peões... Certamente não é essencial que uma combinação destruidora tenha que acabar em xeque mate. Para um rei, ficar exposto em um tabuleiro aberto no meio jogo é sempre tão perigoso que, para se salvar da pressão das peças atacantes, um defensor pode ver-se forçado a entregar uma apreciável quantidade de material, o que geralmente faz com que uma combinação resulte sólida, ainda que não force o mate..."
No livro "Lin Fu Ching", atribuído ao imperador Huang Ti, que propiciou a criação da Grande Muralha, pode-se ler: "Quando o céu põe em marcha suas máquinas de destruição, as estrelas são movidas de seu lugar e as constelações sofrem metamorfoses. Quando a terra põe em marcha suas máquinas de destruição, dragões e serpentes aparecem sobre a terra seca e carbonizada. Quando o homem põe em marcha suas faculdades de destruição, o céu cai e a terra é derrubada. Quando o céu e o homem atuam em conjunto, todos os fenômenos previamente desorganizados são restabelecidos sobre uma nova base."
Partida da oitava rodada do Campeonato mundial Juvenil, que está sendo disputado em Nakhchivan, Azerbaijão. As brancas destroem as defesas das negras, anulam qualquer intento de contra-ataque e arrematam com um violento ataque com várias peças.
Brancas: R. Alhajov (1941)
Negras: M. Yilmaz (1802)
Nakhchivan, Azarvaiyan, 28 de junho de 2003
Defesa francesa, variante do avanço, (Eco C02)
1.e4 e6 2.d4 d5 3.e5 c5 4.c3 Cc6 5.Cf3 Db6 6.Bd3 Bd7 7.dxc5 Bxc5 8.0-0 a5 9.De2 Cge7 10.Cbd2 Cg6 11.Cb3 Be7 12.Cbd4 0-0 13.h4 Tfc8 14.h5 Cf8 15.Be3 Dd8 16.Bf4 f6 17.h6 fxe5 18.Cxe5 Bf6 19.hxg7 Bxg7 20.Dg4 Cxe5 21.Bxe5 De7 22.f4 Rh8 23.Tae1 Te8 24.Tf3 Cg6 25.Th3 Bxe5 26.Dxg6, As negras abandonam, 1-0
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
O jogo arrebata, eletriza, enfeitiça
Como jogo, o xadrez forma parte da cultura universal. A sociologia demonstrou que as ocupações primordiais da convivência humana estão impregnadas de jogo; são jogo. O historiador holandês Johan Huizinga (1872 1945), em seu ensaio "Homo ludens", diz: "Os meninos, os jogadores de futebol e de xadrez, jogam com a mais profunda seriedade... A existência do jogo corrobora constantemente, e no sentido mas alto, o caráter supra-lógico de nossa situação no cosmos."
Todo jogo é uma atividade prazerosa que se exerce somente como um fim em si mesmo e não pelo resultado que produz. O filosofo Aristóteles relaciona o jogo com a felicidade e com a virtude. O xadrez é um jogo prazeroso em qualquer de suas modalidades.
Outro pensador, o alemão Emanuel Kant (1724 1804), afirmou que o jogo serve para exercitar e manter desperta a energia vital na corrida com as outras energias do mundo. Disse: "dois jogadores acreditam jogar entre si, em realidade, a natureza é quem joga com ambos."
E Joan Huitzinga conclui: "O jogo é propenso, em certa medida, a ser belo. O fator estético é idêntico ao impulso de criar uma forma ordenada que anima o jogo em todas suas figuras... O jogo oprime e libera, o jogo arrebata, eletriza, enfeitiça. Está cheio das duas qualidades mais nobres que o homem pode encontrar nas coisas e expressá-las: ritmo e harmonia.
Partida da quinta rodada do Torneio de Mestres de Enghien les Bains, França. As brancas, conduzidas pelo veterano Viktor Korchnoi, de 73 anos de idade, realizam um eficaz controle das diagonais e da coluna c aberta. Logo distraem as negras mediante o avanço do peão da coluna a. Ao tentar detê-lo, estas perdem um cavalo. Em seguida, as brancas passam à ofensiva e terminam com um xeque à descoberto.
Brancas: Viktor Korchnoi (2632)
Negras: Vladimir Akopian (2703)
Enghien les Bains, França, 18 de junho de 2003
Defesa Nimzo índia, variante Capablanca (Eco E38)
1.d4 Cf6 2.c4 e6 3.Cc3 Bb4 4.Dc2 c5 5.dxc5 Dc7 6.a3 Bxc5 7.b4 Be7 8.Cb5 Dc6 9.Cf3 d6 10.e4 a6 11.Cc3 Dc7 12.Bf4 e5 13.Bg5 Be6 14.Tc1 Cbd7 15.Db1 0-0 16.Cd5 Bxd5 17.cxd5 Dd8 18.Bd2 Tc8 19.Bd3 Txc1+ 20.Bxc1 Db8 21.0-0 Tc8 22.a4 Tc7 23.Be3 Dc8 24.a5 Cf8 25.Tc1 Bd8 26.Txc7 Bxc7 27.Dc2 Dd8 28.h3 C8d7 29.Cd2 h6 30.Cc4 Db8 31.Db1 Bd8 32.b5 axb5 33.Dxb5 Be7 34.Bc2 Dc8 35.f3 Cb8 36.Ba4 Ca6 37.Rh2 Rh7 38.Bf2 g6 39.g3 Bf8 40.Rg2 Rg8 41.Cb6 Dc3 42.Cc4 Cb4 43.Bd1 Cd3 44.Be2 Ce1+ 45.Rf1 Cxf3 46.Dxb7 Cd4 47.Db2 Cxe2 48.Dxe2 Da1+ 49.Rg2 Be7 50.Dc2 Rg7 51.Be3 h5 52.Bd2 Dd4 53.a6 Cxe4 54.Be3 Dxd5 55.Cb6 Da5 56.Dxe4 Dxa6 57.Dd5 De2+ 58.Bf2 h4 59.g4 e4 60.Dd4+ Bf6 61.De3 Dc2 62.Cd5 Be5 63.Cb4 Dc4 64.Be1 d5 65.Dd2 d4 66.Bxh4 e3 67.Db2 f6 68.g5 e2 69.gxf6+ Bxf6 70.Bxf6+ Rxf6 71.Rf2 Rf5 72.Db1+ Rg5 73.Cd3 Rh4 74.Ce5 De6 75.De4+ Rh5 76.Dxe2+ Rg5 77.Cf3+, as negras abandonam. 1-0
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
A arma mais temível
O xeque a descoberto é uma forma de ataque simultâneo que ocorre quando ao mover-se uma peça, se descobre outra, que por sua vez dá xeque no rei do adversário. Neste caso, não é a peça que se move que ataca, mas outra que dá xeque no rei quando aquela se move.
Quer dizer, um ataque a descoberto ocorre quando três peças, entre elas duas da mesma cor, sob determinadas circunstâncias, encontram-se em uma mesma coluna, fileira ou diagonal. Se a peça atacada é o rei, a retirada da peça que o cobre provoca um xeque, pelo que o rei está obrigado a retirar-se. Isso implica que a peça movida pode ir onde faça mais estrago.
No livro "O ataque e a defesa" de Hans Mülher, (Edições Martinez Roca, 1984) consta: "o ataque à descoberto é a arma mais temível que o jogador de xadrez tem a sua disposição. Porque a peça que se retira pode, em um xeque descoberto, ocupar qualquer casa a seu alcance, onde geralmente sua força fica multiplicada."
E mais adiante, Mülher acrescenta: "Em um xeque com duas peças se suprime o fator tempo, pelo que se consegue, com o fulminante ataque a descoberto, efeitos freqüentemente insuspeitados."
É o que ocorre na seguinte partida da quinta rodada do Quarto Campeonato Individual da Europa, que está sendo disputado em Estambul, Turquia. As brancas aproveitam que as negras não rocam, atraem o rei mediante um sacrifício de cavalo, obrigam-no a fugir e, ao ficar exposto em uma diagonal branca, aplicam-lhe um fulminante xeque descoberto quando movem uma torre para descobrir um bispo.
Brancas: K. Kulaots (2514)
Negras: Z. Hracek (2584)
Estambul, Turquia, 3 de junho de 2003
Defesa siciliana, variante Scheveningen, (Eco B80)
1.e4 c5 2.Cf3 e6 3.d4 cxd4 4.Cxd4 Cf6 5.Cc3 d6 6.Be3 a6 7.f3 b5 8.g4 h6 9.Dd2 Cbd7 10.0-0-0 Bb7 11.h4 b4 12.Ca4 Da5 13.b3 Cc5 14.a3 Cxa4 15.axb4 Dc7 16.bxa4 Cd7 17.a5 d5 18.Bf4 e5 19.Bg3 dxe4 20.Cf5 exf3 21.Bc4 Td8 22.The1 Be7 23.Dc3 Rf8 24.Cxe7 Rxe7 25.Bxe5 Cxe5 26.Dxe5+ Dxe5 27.Txe5+ Rf6 28.Tf5+ Rg6 29.Bd3 h5 30.Td5+, fulminante xeque descoberto, e as negras abandonam, 1-0
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
Sobre o processo de transição
No xadrez, há três etapas básicas cujo processo de transição implica em uma série de trocas qualitativas e quantitativas que todo jogador deve conhecer.
No livro "El paso al final", de E. Razuvaiev e G. Nesis, editorial Fundamentos, pode-se ler: "Sob o conceito de transição compreendemos a acelerada eliminação da maioria das peças de combate, durante a qual a partida se transforma qualitativamente.
Para isso, necessita-se de uma profunda e exata valoração do final, muito antes de que este se apresente, ou seja, durante o meio jogo. A tarefa se complica consideravelmente, pois a dificuldade de efetuar cálculos desse alcance implica, por um lado, em que o papel da intuição passa ao primeiro plano e, por outro, põe em relevo a importância dos conhecimentos teóricos. "Posto que deve haver um fio condutor da partida, o que se relaciona com a estratégia, a teoria aconselha a criar antecipadamente as condições favoráveis para passar de uma etapa a outra.
No livro "Ajedrez esencial", de Antonio Lopez e Jose Monedeiro, lê-se: "No meio jogo, apresenta-se sempre a possibilidade de jogar um final favorável; nem sempre se pode ganhar com uma brilhante combinação de mate. A compreensão adequada na transição do meio jogo ao final é um dos elementos essenciais do jogo de xadrez."
Na passagem de uma etapa à outra, além dos problemas teóricos e técnicos, também podem surgir situações de caráter psicológico. Diz Razuvaiev: "Com freqüência, o rival não se acha preparado para a brusca troca que sofre o valor relativo das peças, para a radical transformação dos planos, etc." Portanto, a chave do êxito em não poucas partidas está na compreensão e no bom manejo de certas sutilezas nas etapas de transição.
Partida do tradicional torneio de Grandes Mestres, de Sarajevo. No processo de transição do meio jogo para o final, ambos rivais combatem à beira do precipício, porém as negras dispõem de um tempo (jogada) de vantagem. É o que decide o resultado.
Brancas: Zdenko Kozul (2601)
Negras: Rustam Kasimdzhanov (2680)
Bósnia, Sarajevo, 27 de maio 27 de 2003
Sistema catalão, (Eco E05)
1.d4 d5 2.c4 e6 3.Cf3 Cf6 4.g3 Be7 5.Bg2 0-0 6.0-0 dxc4 7.Dc2 a6 8.a4 Bd7 9.Ce5 Bc6 10.Cxc6 Cxc6 11.e3 Ca5 12.Cd2 c5 13.dxc5 Tc8 14.b4 cxb3 15.Cxb3 Cd5 16.Bd2 Cc6 17.Tab1 Dc7 18.Tfc1 Tfd8 19.Dc4 Td7 20.Be1 Bf6 21.e4 Cde7 22.Td1 Tcd8 23.Txd7 Txd7 24.f4 g5 25.e5 Bg7 26.Cd2 gxf4 27.gxf4 Td4 28.Df1 Cd5 29.Ce4 Cce7 30.Rh1 Txa4 31.Bd2 Cg6 32.Df2 Tc4 33.f5 Cxe5 34.f6 Cg4 35.Dg1 Cdxf6 36.Txb7 De5 37.Cxf6+ Bxf6 38.h3 De2 39.Bh6 Cf2+ 40.Dxf2 Tc1+, As brancas abandonam. 0-1
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
O segredo do treinamento
O treinamento é uma tarefa indispensável para qualquer enxadrista profissional.
Sobre o tema, o mestre Mark Dvoretsky escreveu um livro intitulado "Os segredos do treinamento no xadrez". A edição é de Neran, Espanha, 2002. No México, a distribuição é de Roberto Navarro.
A obra está baseada nos métodos soviéticos de treinamento. Entre outras metas, o autor propõe a conquista de um alto nível de cultura enxadrística. Posto que o xadrez é um jogo inexato, recomenda o cultivo das qualidades do pensamento abstrato, do instinto posicional, da intuição, da criatividade, da capacidade de cálculo e outras.
No prólogo, Garri Kasparov diz: "Qualquer classe de jogador pode encontrar grande quantidade de material interessante e valioso, se estuda atentamente o livro de Dvoretsky", porém adverte: "não deveríamos idealizar o sistema de opiniões sustentadas pelo autor... O xadrez é muito rico e é impossível, tanto teórica como praticamente, esgotar suas possibilidades com qualquer número de posições estudadas, conselhos técnicos e idéias."
Partida
O mexicano Jose Gonzalez obteve o primeiro lugar do grupo Premier II do recente Torneio Capablanca, de Cuba.
Brancas: Jose Gonzalez (2429)
Negras: Jorge Gonzalez (2353)
La Habana, Cuba, maio de 2003
Defesa francesa (Eco C05)
1.e4 e6 2.d4 d5 3.Cd2 Cf6 4.e5 Cfd7 5.Bd3 c5 6.c3 b6 7.Ch3 Ba6 8.Bxa6 Cxa6 9.0-0 Cc7 10.Dg4 Dc8 11.Cf3 Da6 12.Cf4 h6 13.Be3 0-0-0 14.Tfd1 g6 15.b3 Be7 16.Cd2 cxd4 17.Bxd4 h5 18.Df3 Cb5 19.Cxd5 exd5 20.Dxf7 Bc5 21.e6 Cxd4 22.cxd4 Ce5 23.dxe5 Thf8 24.Dxg6 Tg8 25.Df7 Tgf8 26.Dh7 Txf2 27.Rh1 De2 28.Dg7 Tdf8 29.Dd7+ Rb8 30.e7 Bxe7 31.Dxe7, 1-0
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
A beleza é harmonia
Se a beleza é uma propriedade das coisas que produzem prazer, o xadrez é uma fonte disso. Inclusive, algumas vezes, costuma haver prêmios especiais para a partida mais bela.
O grande mestre Eduard Gufeld, citado por Elmer D. Sagalang, sustenta que "o autêntico vencedor de um torneio não é o jogador que obtém o prêmio monetário mais elevado por seus resultados desportivos, mas o jogador que tenha executado a partida mais bela... Porque a beleza é a fonte do prazer e o desfrute para todos os jogadores de xadrez e o nascimento de uma nova partida brilhante é razão suficiente para que o mundo enxadrístico tenha motivo de celebração".
A idéia de premiar a beleza no xadrez data de 1876, quando se instituiu na convocatória de um torneio de Nova York. O galardão à partida mais bela deveria formar parte das bases de todos os torneios.
De maneira que a beleza do xadrez tem a ver com a originalidade, a harmonia, a profundidade, a eficácia e muitos outros fatores, tanto objetivos como subjetivos. É que também há beleza no errôneo, no paradóxico e até no horrível. A atriz mexicana, Maria Felix, em entrevista ao jornalista Carlos Landeiros, afirmou: "A beleza para mim é harmonia. Há mulheres que, sem ter uma beleza clássica, têm essa inteligência, essa harmonia. A beleza do horrível também existe. Me agradam os zoológicos, os animais, porque, observe, nunca se tornam feios, sempre envelhecem com dignidade, Vá ao zoológico e verá".
Kasparov empata com Deep Junior
Terminou em empate a quarta partida do match entre o programa de computador, Deep Junior, e o enxadrista número um do mundo, Garri Kasparov. O combate foi equilibrado até que a máquina obteve um peão de vantagem. Entretanto, a falta de tempo e a defesa das negras impediram que o artefato obtivesse sua segunda vitória. Com este resultado, o placar está igualado em dois pontos. O duelo é em seis jogos.
Brancas: Deep Junior
Negras: Garri Kasparov
Nova York, 2 de fevereiro de 2003
Defesa siciliana (Eco B44)
1.e4 c5 2.Cf3 Cc6 3.d4 cxd4 4.Cxd4 e6 5.Cb5 d6 6.c4 Cf6 7.C1c3 a6 8.Ca3 Cd7 9.Cc2 Be7 10.Be2 b6 11.0-0 Bb7 12.h3 0-0 13.Be3 Tc8 14.Dd2 Cce5 15.b3 Cf6 16.f3 Dc7 17.Tac1 Tfe8 18.a3 Ced7 19.Tfd1 Db8 20.Bf2 Tcd8 21.b4 Ba8 22.a4 Tc8 23.Tb1 Dc7 24.a5 bxa5 25.b5 Bb7 26.b6 Db8 27.Ce3 Cc5 28.Da2 Cfd7 29.Ca4 Ce5 30.Cc2 Ccd7 31.Cd4 Ted8 32.Rh1 Cc6 33.Cxc6 Txc6 34.Rg1 h6 35.Da3 Tdc8 36.Bg3 Bf8 37.Dc3 Ce5 38.c5 Cd7 39.Dxa5 Cxc5 40.Cxc5 Txc5 41.Da4 T5c6 42.Bf2 d5 43.Bxa6 Bc5 44.Bxc5 Txc5 45.Bxb7 Dxb7 46.exd5 exd5 47.Da7 T5c7 48.Dxb7 Txb7 49.Txd5 Tc6 50.Tdb5 h5 51.Rf2 Te6 52.f4 g6 53.Rg3 Rg7 54.Rh4 Rh6 55.T1b4 Td6 56.g3 f6 57.g4 hxg4 58.hxg4 Rg7 59.Tb3 Tc6 60. g5 f5 61. Tb1, empate.
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
Ninguém é invencível
No xadrez, também é importante saber enfrentar a derrota. O escritor Francisco Leon Gonzalez, em seu livro "O gesto da angústia", diz: "Uma das experiências com maior projeção onírica é a derrota".
O mestre Fred Reinfeld disse: "Sentimos dolorosamente a derrota porque o xadrez é um dos jogos de rivalidade mais cruel. O jogo oferece tantos rasgos lógicos e matemáticos, tantas possibilidades de cálculo exato, que o jogador que perde fica deprimido. A derrota nos faz ficar tão mal, ou, quando menos, assim o cremos, que, assim como todos os jogadores de xadrez, temos medo de perder. E isso aumenta a ansiedade que provoca o jogo."
O segundo campeão mundial de xadrez, Emanuel Lasker, dizia: "Não está autorizado a ninguém ser absolutamente invencível. Ao final, tais ou quais vantagens de um enxadrista são só a aproximação ao ideal. Cada um tem alguma debilidade devida, em sua maior parte, à falta de valentia ou, pelo contrário, ao excesso dela, ou, por último, à inexatidão dos cálculos."
O teórico russo, M. Yudovich, disse: "todos os triunfos começam com as vitórias sobre si mesmo; para sobrelevar um fracasso há que saber dominar-se."
A seguinte partida foi jogada na quarta rodada do Campeonato da Espanha por Equipes. As brancas se impõem graças a um enérgico ataque que culmina com a oferta de sua torre para atrair uma contrária, vulnerar o roque e dar xeque mate. Participa deste encontro o Grande Mestre mexicano Gilberto Hernandez no primeiro tabuleiro da equipe de Valencia. Após cinco rodadas, está invicto com 4 empates e uma vitória.
Brancas: Miguel Illescas (2585) Ibercaja
Negras: Francisco Vallejo (2635) Tendas Upi
Espanha, 3 de dezembro de 2002
Defesa índia antiga, (Eco A53)
1.d4 d6 2.Cf3 Bg4 3.c4 Cd7 4.Cc3 Cgf6 5.e4 e5 6.Be2 Be7 7.0-0 0-0 8.Be3 c6 9.d5 Db8 10.Cd2 Bxe2 11.Dxe2 Bd8 12.b4 Bb6 13.Cb3 cxd5 14.cxd5 Tc8 15.Tfc1 Bxe3 16.Dxe3 Cb6 17.Cb5 Cc4 18.De2 a6 19.Ca7 Dxa7 20.Txc4 Txc4 21.Dxc4 b6 22.Tc1 h5 23.h3 a5 24.b5 a4 25.Cd2 Da5 26.Cf3 a3 27.g3 Da4 28.Cg5 g6 29.Dc7 Tf8 30.De7 Cxe4 31.Tc8 1-0
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
Responsabilidade e disciplina
O mestre internacional mexicano Raul O. Campo disse: "Tudo o que realmente vale a pena requer um grande esforço e, às vezes, uma grande dor. Não creio em que se consiga um desportista exitoso sem inculcar-lhe uma disciplina férrea. Para jogar bem o xadrez há que sacrificar-se muito. Se não acreditam nisso, recomendo-lhes que não ponham seus filhos em um caminho de "sangue, suor e lágrimas".
O xadrez é um jogo de responsabilidade pessoal. Este conceito vale tanto na vida como no tabuleiro. No livro "Por que você perde no xadrez", de Fred Reinfeld, lê-se: "Por não aceitar a responsabilidade, a única coisa que se consegue é criar dificuldades. No xadrez, costumam se apresentar posições decisivas nas quais há que aceitar a responsabilidade sem titubeios. Nessas ocasiões, a única forma de ganhar é lutando duramente; o caminho fácil é o caminho que conduz à perdição."
O fundamento da responsabilidade é o livre arbítrio. Neste sentido, a responsabilidade do enxadrista é de tal modo total que não admite escusas nem atenuantes. Um apótema existencialista diz: quem assume a responsabilidade do que faz, toma as rédeas de seu destino.
Partida da oitava rodada do Torneio Aberto de Curazao. O triunfo das brancas se deve ao trabalho coordenado de suas peças, sobretudo do par de bispos, que paralisam e encurralam as peças do adversário.
Curazao, 26 de novembro de 2002
Defesa siciliana, variante Alapin, (Eco B22)
1.e4 c5 2.c3 Cf6 3.e5 Cd5 4.g3 d6 5.exd6 e6 6.Bg2 Bxd6 7.Ce2 Cc6 8.d4 0-0 9.0-0 cxd4 10.Cxd4 Cxd4 11.Dxd4 Dc7 12.Cd2 Bd7 13.Ce4 Be5 14.Dc5 Tfc8 15.Dxc7 Bxc7 16.Bd2 Bc6 17.c4 Cb6 18.b3 a5 19.a4 Cd7 20.Be3 Td8 21.f4 h6 22.Tad1 f5 23.Cd6 Tab8 24.Td3 Cf6 25.Tfd1 Td7 26.Cb5 Bd8 27.Txd7 Bxd7 28.Td3 b6 29.Bd4 Be8 30.Be5, as negras abandonam, 1-0
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
O fator surpresa
Com relativa freqüência aparece no xadrez esse misterioso fator da realidade chamado surpresa. Como eventualidade, o surpreendente se manifesta mediante as mais estranhas combinações, inclusive ao azar.
É que o xadrez também consiste em iludir toda previsão lógica. Não poucas vezes, a luta se concentra em burlar e desconcertar o adversário. Quando se consegue isso, o efeito costuma ser o assombro e a perplexidade. O filosofo alemão Friedrich Nietzsche disse: "Das pessoas muito inteligentes começamos a desconfiar quando se mostram perplexas."
O mestre Ilia Kan, em seu livro "Leis fundamentais do xadrez" diz: "o enxadrista nunca deve esquecer a ligação estreita da estratégia e da tática, assim como a possibilidade de realização do plano com golpes decisivos e inesperados."
Tanto na literatura como no tabuleiro, o surpreendente resulta tanto da negação do evidente como da superestimação dos valores. Alexander Kotov, em seu manual "Jogue como um grande mestre", sustenta: "O princípio do efeito inesperado é um dos mais importantes na dramaturgia, porquanto atua igual e eficazmente nas obras literárias.
As combinações enxadrísticas são surpreendentes e inesperadas porque se baseiam sempre na superestimação dos valores aparentes, e entre as realizadas no transcurso dos séculos de aficção ao xadrez há muitas que se distinguem pelo extraordinário conteúdo de seu forma."
A seguinte partida foi jogada no recente Campeonato Mundial Juvenil, celebrado na ilha de Creta. Nela, as brancas surpreendem o bando negro com um contundente xeque mate.
Brancas: F. Mammadbayova
Negras: H. Ramirez
Heraklio, Creta, Grécia, 22 de novembro de 2002
Defesa francesa, variante Tarrasch, (Eco C05)
1.e4 e6 2.d4 d5 3.Cd2 Cf6 4.e5 Cfd7 5.f4 c5 6.c3 Cc6 7.Cdf3 Be7 8.Bd3 0-0 9.Ce2 b6 10.0-0 Bb7 11.f5 cxd4 12.cxd4 Tc8 13.Cf4 exf5 14.e6 Cf6 15.exf7+ Rxf7 16.Bxf5 Tb8 17.Cg5+ Rg8 18.Cfe6 De8 19.Cxf8 Bxf8 20.Be6+ Rh8 21.Cf7+ Rg8 22.Txf6 De7 23.Cg5+ Rh8 24.Tf7 De8 25.Dh5 h6 26.Dxh6+ gxh6 27.Th7, xeque mate, 1-0
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
O fator surpresa
Com relativa freqüência aparece no xadrez esse misterioso fator da realidade chamado surpresa. Como eventualidade, o surpreendente se manifesta mediante as mais estranhas combinações, inclusive ao azar.
É que o xadrez também consiste em iludir toda previsão lógica. Não poucas vezes, a luta se concentra em burlar e desconcertar o adversário. Quando se consegue isso, o efeito costuma ser o assombro e a perplexidade. O filosofo alemão Friedrich Nietzsche disse: "Das pessoas muito inteligentes começamos a desconfiar quando se mostram perplexas."
O mestre Ilia Kan, em seu livro "Leis fundamentais do xadrez" diz: "o enxadrista nunca deve esquecer a ligação estreita da estratégia e da tática, assim como a possibilidade de realização do plano com golpes decisivos e inesperados."
Tanto na literatura como no tabuleiro, o surpreendente resulta tanto da negação do evidente como da superestimação dos valores. Alexander Kotov, em seu manual "Jogue como um grande mestre", sustenta: "O princípio do efeito inesperado é um dos mais importantes na dramaturgia, porquanto atua igual e eficazmente nas obras literárias.
As combinações enxadrísticas são surpreendentes e inesperadas porque se baseiam sempre na superestimação dos valores aparentes, e entre as realizadas no transcurso dos séculos de aficção ao xadrez há muitas que se distinguem pelo extraordinário conteúdo de seu forma."
A seguinte partida foi jogada no recente Campeonato Mundial Juvenil, celebrado na ilha de Creta. Nela, as brancas surpreendem o bando negro com um contundente xeque mate.
Brancas: F. Mammadbayova
Negras: H. Ramirez
Heraklio, Creta, Grécia, 22 de novembro de 2002
Defesa francesa, variante Tarrasch, (Eco C05)
1.e4 e6 2.d4 d5 3.Cd2 Cf6 4.e5 Cfd7 5.f4 c5 6.c3 Cc6 7.Cdf3 Be7 8.Bd3 0-0 9.Ce2 b6 10.0-0 Bb7 11.f5 cxd4 12.cxd4 Tc8 13.Cf4 exf5 14.e6 Cf6 15.exf7+ Rxf7 16.Bxf5 Tb8 17.Cg5+ Rg8 18.Cfe6 De8 19.Cxf8 Bxf8 20.Be6+ Rh8 21.Cf7+ Rg8 22.Txf6 De7 23.Cg5+ Rh8 24.Tf7 De8 25.Dh5 h6 26.Dxh6+ gxh6 27.Th7, xeque mate, 1-0
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
O apuro de tempo é um erro
O tempo é um fator determinante em uma partida de xadrez. O conceito tem a ver com os lapsos de reflexão e com os movimentos, já que cada jogada é um tempo.
Há quem considera o fato de chegar aos apuros de tempo como um erro, um descuido e uma falta de rigor. O ex-campeão mundial Alexander Alekhine escreveu o seguinte sobre um erro que cometeu em apuros de tempo em sua partida contra Taylor, no torneio de Nottingham, em 1936: "Uma jogada horrível e, na minha opinião, o fato de que o branco estivesse apurado de tempo quando a fez não tem mais justificativa do que a já conhecida desculpa de que estava bêbado quando cometeu o crime. A pouca habilidade de um expert para fazer frente ao relógio deve ser considerada tão incorreta como descuidar-se nas análises."
Como sinônimo de jogada, o bom aproveitamento do tempo é decisivo. O escritor mexicano Juan Jose Arreola, em entrevista para Sergio Jaber, revista "Gambito", 1986, diz: "Naturalmente, no xadrez, perder tempo é grave se você o perde porque não se deu conta ou porque o adversário dispôs desse tempo. Porém, também se pode perder tempos para retardar as operações e ver quais são os planos do adversário. Por isso o xadrez é infinito, porque é horrível perder tempo, porém, às vezes, é muito bom."
E o poeta espanhol Luis Rosales, em "Agua desatandose", diz:
"El tiempo es un espejo en que te miras.
Tú ya has entrado en el espejo y andas
a ciegas dentro de él."
Partida 13ª rodada da XXXV Olimpíada mundial, realizada na Eslovênia.
Brancas: Reinaldo Vera (2544)
Negras: M. Karttumen (2413)
Bled, Eslovênia, 8 de novembro de 2002
Gambito de dama aceito (Eco D27)
1.d4 d5 2.c4 c6 3.Cc3 Cf6 4.e3 a6 5.a4 e6 6.Cf3 Be7 7.Bd3 dxc4 8.Bxc4 c5 9.0-0 Cc6 10.De2 cxd4 11.Td1 0-0 12.exd4 Cb4 13.Ce5 b6 14.Df3 Ta7 15.Dg3 Ch5 16.Dh3 Cf6 17.Dg3 Ch5 18.Dh3 Cf6 19.Bb3 Cfd5 20.Cxd5 exd5 21.Dg3 f6 22.Cd3 Cxd3 23.Dxd3 Be6 24.Bf4 Bb4 25.Tac1 Dd7 26.h3 Rh8 27.Dc2 b5 28.axb5 axb5 29.Dc6 Df7 30.Dxb5 Tb7 31.Dd3 Dd7 32.Bc2 g6 33.Df3 Rg7 34.Bd3 Ta8 35.Tc2 Ta4 36.Tdc1 Bd6 37.Tc6 Bxf4 38.Dxf4 Ta1 39.Rh2 Txc1 40.Dxc1 Bf7 41.Dc5 Txb2 42.Tc8 f5 43.Df8+ Rf6 44.f4 Tb6 45.Dh8+ Re7 46.Ta8 Dc7 47.Rg3 g5 48.Df8+ Re6 49.Te8+ Rf6 50.Dh6+ Bg6 51.Tf8+ Re6 52.Bxf5+ Re7 53.Dg7+, as negras abandonam, 1-0
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
Desejo de transcendência
Jogam xadrez pessoas que pensam, analisam e se esforçam por alcançar um propósito. Diz-se, inclusive, que é um reflexo da luta por sobreviver. Para consegui-lo, o homem necessita compreender e dominar a natureza e a si mesmo. É o que de diversas maneiras reflete o xadrez.
Esta sede de compreensão supõe o desejo de superar os limites que a razão assinala ao conhecimento das coisas. O estímulo por conhecer não tem limites nem aceita obstáculos. O único freio está em cada um, e se chama ignorância, abulia, desconhecimento.
O cientista Jean Hamburger, em seu ensaio "Os limites do conhecimento", (Fundo de cultura econômica, México, 1986), afirma: "A mecânica da razão, prudente em extremo, secreta a dúvida como o fígado secreta a bílis... Há luta entre a razão e a paixão, e cada um sabe que esta resulta sempre vitoriosa sobre aquela. Não tarda em derrubar as barreiras. Os homens tem demasiada sede de compreender para impor-se uma auto-censura. É claro que esta sede ilimitada deu origem a admiráveis expansões. No princípio há inquietude, a vertigem de nossa condição, o temor ao vazio, a angústia nascida da escusa de nossa faculdade de compreender quando queremos aplicá-la ao maior dos problemas: o da aventura humana".
No livro "Xadrez, 2000 anos de historia", afirma-se: "O pensamento analítico, o permanente estudo, a preparação intelectual e corporal, a resistência psicológica, a compreensão intuitiva das posições mais difíceis, inteligência, capacidade combinatória criativa e memória de computador, formam a condição para o êxito."
A seguinte partida foi jogada na oitava rodada da XXXV Olimpíada Mundial, que está sendo disputada em Bled, Eslovênia. Nela, o mexicano Florentino Garmendez evidencia uma vez mais sua grande tenacidade e espírito de luta.
Brancas: Florentino Garmendez, (2408)
Negras: S. Zeidler (2275)
Bled, Eslovênia, 2 de novembro de 2002
Defesa siciliana, variante Alapin, (Eco B22)
1.e4 d5 2.e5 c5 3.c3 d4 4.Bc4 Cc6 5.De2 e6 6.Cf3 a6 7.a4 Cge7 8.0-0 Cg6 9.d3 Be7 10.Ca3 Tb8 11.Td1 0-0 12.Cc2 b5 13.axb5 axb5 14.Ba2 Bb7 15.cxd4 Cxd4 16.Cfxd4 cxd4 17.f4 Ch4 18.Ce1 Dd7 19.Bd2 Tfc8 20.Tdc1 Txc1 21.Txc1 Tc8 22.Dd1 Ba8 23.Bb3 Db7 24.Txc8+ Dxc8 25.Dc2 Db7 26.Ba5 g5 27.fxg5 Bxg5 28.Bb4 Dc6 29.Dxc6 Bxc6 30.Bd1 Cg6 31.Bd6 Bf4 32.Bf3 Bxf3 33.Cxf3 f6 34.g3 Cxe5 35.Bxe5 Bxe5 36.g4 Bf4 37.Rg2 e5 38.Cg1 Rf7 39.Ce2 Be3 40.Rf3 Rg6 41.h4 Bd2 42.Cg3 Rf7 43.Re4 Re6 44.Cf5 Be1 45.h5 Bd2 46.Cg7+ Rf7 47.Cf5 Re6 48.Cg3 Bc1 49.b3 Bf4 50.Cf5 Bd2 51.Cg7+ Rf7 52.Cf5 Re6 53.Ch4 Rd6 54.Cf3 Bg5 55.b4 Re6 56.Ce1 Bd2 57.Cc2 Bc1 58.Ca1 Ba3 59.Cc2 Bb2 60.Ce1 Bc3 61.Cc2 Bb2 62.Ce1 Bc3 63.Cc2 Rd6 64.Rf5 Rd5 65.Ca3 e4 66.dxe4+ Rc6 67.Cb1 Bxb4 68.Rxf6 d3 69.e5 d2 70.Cxd2 Bxd2 71.e6 b4 72.e7 Bg5+ 73.Rxg5 Rd7 74.Rf6, as negras abandonam. 1-0
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
Para descobrir uma combinação ganhadora
A infinita variedade de opções e recursos é o que dá ao xadrez seu maior atrativo e interesse. O mestre russo Ilia Shumov dizia: "Para vencer no xadrez é necessário saber manejar as forças heterogêneas, ganhar tempo, aproveitar os erros do inimigo, compensar o reduzido número de peças com uma posição vantajosa. A base desta habilidade consiste em que um dos elementos do jogo, precisamente a força material das peças, é transformada em outros elementos da estratégia, por exemplo, o espaço ou o tempo"
Segundo o livro "Teoria e doutrina do xadrez", de Miguel Calderon, "A primeira coisa que se necessita para descobrir uma combinação ganhadora é a freqüente analise da situação, desde a iniciação até o final do jogo... Por meio desta análise poderemos advertir que recursos táticos convém e é possível aplicar em cada fase do jogo aproveitando nossas vantagens posicionais e os erros do contrário."
E o teórico Hans Muller, em seu livro "O ataque e a defesa", diz: "Confiança em si mesmo, intrepidez, otimismo e eficácia são os cimentos psicológicos de um bom jogador atacante. O atacante olha de frente e alça o vôo com o prazeroso sentimento de sua força e de seu poderio."
É o que se vê na partida final da Copa mundial de xadrez, disputada este domingo em Hyderabad, Índia. O vencedor foi o grande mestre Viswanathan Anand. Impõe-se graças à transformação da força material de suas peças em uma brilhante combinação de ataque múltiplo.
A partida:
Brancas: Viswanathan Anand (2755)
Negras: Rustam Kasimdzhanov (2653)
Hyderabad, Índia, 20 de outubro de 2002
Defesa Petrof, (Eco C42)
1.e4 e5 2.Cf3 Cf6 3.Cxe5 d6 4.Cf3 Cxe4 5.d4 d5 6.Bd3 Bd6 7.0-0 0-0 8.c4 c6 9.Dc2 Ca6 10.a3 Te8 11.Cc3 Bf5 12.Te1 h6 13.c5 Bc7 14.Bd2 Ba5 15.Bf4 Bxc3 16.bxc3 Cc7 17.h3 Ce6 18.Bh2 C6g5 19.Ce5 f6 20.Cg4 Da5 21.Ce3 Be6 22.Tac1 Cxh3+ 23.gxh3 Bxh3 24.Cc4 Dxc3 25.Dxc3 Cxc3 26.Cd6 Txe1+ 27.Txe1 b5 28.Te3 Bg4 29.Bf5, as negras abandonam, 1-0
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
A importância do esforço
Sem esforço não há vitória. Isto vale para o xadrez e para a vida. Quem não se esforça por conseguir o que deseja, nunca o consegue.
Esforço é a atividade dirigida a vencer uma resistência qualquer. Desde o ponto de vista do pensamento, esta noção foi introduzida pelo filosofo Fichte, que disse: "A atividade pura do eu, penetrando-se em si mesma, é, em relação a um objeto possível, um esforço, melhor, um esforço infinito. Este esforço é a possibilidade de todo objeto ao infinito e sem esforço não há objeto".
Desde o ponto de vista do xadrez, o teórico Alexander Kotov, em seu livro "Entrene como un gran maestro", pergunta: "Quem domina o xadrez?" E responde: "Aqueles jogadores que obtém seus êxitos combinando o elemento competitivo com o criativo... freqüentemente tive ocasião de observar o árdua labor que (Mijail) Tal levava a cabo. Basta examinar seus comentários a partidas para advertir quanto esforço lhe há suposto. Estas variantes, entretidas com uma trama de complicadas combinações, só podem ser obtidas após muitas horas de esforço e de estudo caseiro."
Segundo o pensador, Maine de Biran, o esforço é liberdade, quer dizer, é o eu como liberdade, e em relação à resistência que se opõe é necessidade."
E o filosofo materialista alemão Ludwig Feuerbach, (1804 1872) disse:
"La fuerza del pensamiento es la luz del conocimiento;
la fuerza de la voluntad es la energía del carácter;
la fuerza del corazón es el amor."
A máquina humilha Kramnik
Em Manama, Bahrain, o programa de computador Deep Fritz venceu Vladimir Kramnik, na sexta partida do match, num total de oito que disputam nessa capital. Pelos caminhos de uma defesa índia de dama, na jogada 19 o campão russo optou por sacrificar um cavalo pela iniciativa e ataque, em vez de tomar a qualidade. A máquina aceitou o desafio, soube escapar do temporal, conservou a vantagem de material e, no final, humilhou ao campeão mundial oficioso. Com este resultado o resultado parcial fica igualado em 3 a 3.
A partida:
Brancas: Vladimir Kramnik (2807)
Negras: Deep Fritz
Manama, Bahrain, 15 de outubro de 2002
Defesa índia de dama (Eco E15)
1.d4 Cf6 2.c4 e6 3.Cf3 b6 4.g3 Ba6 5.b3 Bb4+ 6.Bd2 Be7 7.Bg2 c6 8.Bc3 d5 9.Ce5 Cfd7 10.Cxd7 Cxd7 11.Cd2 0-0 12.0-0 Tc8 13.a4 Bf6 14.e4 c5 15.exd5 cxd4 16.Bb4 Te8 17.Ce4 exd5 18.Cd6 dxc4 19.Cxf7 Rxf7 20.Bd5+ Rg6 21.Dg4+ Bg5 22.Be4+ Txe4 23.Dxe4+ Rh6 24.h4 Bf6 25.Bd2+ g5 26.hxg5+ Bxg5 27.Dh4+ Rg6 28.De4+ Rg7 29.Bxg5 Dxg5 30.Tfe1 cxb3 31.Dxd4+ Cf6 32.a5 Dd5 33.Dxd5 Cxd5 34.axb6 axb6, as brancas abandonam, 0-1
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
Um tempo à parte
"O xadrez é uma atividade deliciosa, indiferente ao tempo", diz o escritor e enxadrista Fernando Arrabal, em seu livro "Êxitos e fracassos sobre o tabuleiro."
Esta indiferença se refere ao tempo que transcorre fora da partida, não ao movimento das peças nem ao período fixo necessário para meditar as jogadas, já que estes são parte do jogo.
Gabriel Garcia Marquez, premio Nobel de Litaratura 1982, em entrevista para a revista mexicana "Siempre", 31 de março 31 de 1970, disse: "O tempo é uma convenção dentro da qual os homens passam como os peixes na água."
A poetisa chilena Gabriela Mistral, premio Nobel de Literatura 1945, em um de seus poemas sussurra:
"Y vagamente supimos
que jugábamos al tiempo..."
O escritor e enxadrista mexicano Juan Jose Arreola, em entrevista a Sergio Jaber para a revista Gambito, Mexico, 1986, declarou: "O xadrez estabelece no tempo da vida pessoal um tempo a parte, é o tempo em que movemos uma peça, na aventura de fazê-lo... Meu tempo pessoal acaba interrompido. Nesse momento tudo acaba, inclusive o mundo acaba."
Santiago Estrada ganhou o Campeonato Nacional Amador
O enxadrista Santiago Estrada Valverde, do Instituto Mexicano do Seguro Social, foi o vencedor do Primeiro Campeonato Nacional Amador de xadrez Rápido 2002, celebrado na explanada do Palácio Nacional de Belas Artes, no marco da homenagem nacional prestada neste fim de semana ao escritor e enxadrista Juan Jose Arreola. Estrada terminou invicto com 5 pontos, em 5 rodadas, tem 17 anos e é aluno de Gerardo Mendoza, treinador de xadrez do IMSS. No encontro, de uma hora para cada jogador, só puderam participar quem possuía um rating inferior a 1899 pontos.
A segunda posição foi para Juan Guterrez Carmona, terceiro, Jaime Ramirez, quarto, Roberto Rosas Porto, e quinto, Sergio Najera, todos com 5 pontos e invictos. O sexto lugar foi para Gustavo Vargas Cortes, com 4.5 pontos, sétimo, Mariana Solis Mendoza, 4.5; oitavo, Eugênio F. Dominguez, 4.5; nono, Miguel A. Ramirez Martinez, 4.5, e décimo, Matias Donoso Simoneti, com 4 pontos.
A seguinte partida foi jogada na quinta rodada do Campeonato de Clubes Europeus, celebrado em Halkidiki, Grécia. Nela, as brancas aproveitam uma imprecisão das negras na abertura, tomam o controle das principais colunas e diagonais e por aí descarregam toda a artilharia contra o monarca inimigo.
Brancas: G. Timoscenko
Negras: W. Stassen,
Halkidiki, Grécia, 26 de setembro 26 de 2002
Defensa Nimzo-índia, variante dos três cavalos, (Eco E21)
1.d4 Cf6 2.c4 e6 3.Cf3 b6 4.Cc3 Bb4 5.Db3 c5 6.Bg5 Bb7 7.e3 d6 8.Bd3 0-0 9.0-0-0 h6 10.Bh4 Cbd7 11.Bb1 Bxc3 12.Dxc3 Tc8 13.d5 e5 14.g4 e4 15.g5 hxg5 16.Cxg5 Ce5 17.Dc2 Dd7 18.f4 Cg6 19.Be1 Cg4 20.De2 f5 21.Tg1 b5 22.Ce6 Tf6 23.h3 Ch6 24.Dh5 Rh7 1-0
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
Há algo de diabólico nesse passatempo
Sempre houve objeções ao xadrez e aos enxadristas; inclusive foram censurados. A profundidade do jogo, sua complexidade e seus mistérios desconcertam e, não poucas vezes, aborrecem.
Um clérigo anônimo do século XVII, em um exposição intitulada "Perfídias do xadrez", lamenta: "É um grande dilapidador de tempo. ¡Quantas horas preciosas (que nunca voltarão) perdi prodigamente com esse jogo! Em meu caso, tinha uma propriedade fascinante: me havia enfeitiçado."
O diretor de cinema Richard Dembo, em entrevista com Denis Teyssou, do "Diário 16", Espanha, em 1985, declarou: "Penso que os jogadores de xadrez se reconhecem a si mesmos como seres pervertidos em seu contacto com a realidade. É uma forma de poesia, perversa, que não produz nada, que não deixa rastro, aparte de algumas anedotas, e lhes agrada."
No livro "Conversaciones com Marcel Duchamp", de Pierre Cabane, este lhe pergunta se o xadrez é a obra de arte ideal, ao que o pintor responde: "Poderia sê-lo"; porém sobre os jogadores, Duchamp, enxadrista destacado, afirma: "Trata-se de pessoas totalmente obscurecidas, completamente cegas, providas de olheiras. Loucos de uma certa qualidade, como se supõe que o seja todo artista, e não o é, pelo geral. Isto foi, talvez, o que mais me interessou."
O novelista Julien Green, escreveu em 1959, "Deveria proibir-se este jogo que desata o orgulho. Bati em meu contrincante e isto lhe enfureceu. Há algo diabólico neste passatempo que só pode acabar com a mortificação de um dos jogadores."
Partida da sétima rodada do VI Memorial Pablo Gorbea, que está sendo disputado em Madrid, Espanha. As brancas entram no meio jogo com vantagem: tanto as torres colocadas na coluna a, como o cavalo e a dama, estão em posição ideal para o assalto decisivo.
Brancas: Jan Michael Spernger (2426)
Negras: Kai Bjerring (2263)
Madrid, Espanha, 23 de setembro de 2002
Defesa siciliana, variante Rosolimo, (Eco B31)
1. e4 c5 2. Cf3 Cc6 3. Bb5 g6 4. Bxc6 dxc6 5. h3 Bg7 6. d3 e5 7. Cc3 b6 8. Be3 f6 9. Dd2 Be6 10. 0-0 Ce7 11. a3 0-0 12. b4 cxb4 13. axb4 Dd7 14. Ta3 Tab8 15. Tfa1 Tb7 16. Bh6 Tf7 17. Bxg7 Txg7 18. d4 exd4 19. Dxd4 c5 20. bxc5 bxc5 21. Dxf6 Tf7 22. Dg5 Cc6 23. Ce5 Cxe5 24. Dxe5, abandonam negras, 1-0
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
Diante da proposta de empate
Nem todas as partidas terminam em vitória ou derrota; às vezes, o resultado é um empate
Quando o combate leva a uma posição totalmente equilibrada e nenhum dos lados pode fazer nada para obter a mínima vantagem, costuma converter-se em uma luta seca e aborrecida e o resultado não passar de um empate. O grande mestre David Bronstein, em seu livro "200 partidas abertas", recomenda: "Certamente há um procedimento para se livrar de uma posição aborrecida; propor empate!"
No livro "Ajedrez esencial", de Antonio López e José Monedero, lê-se: "Se tens medo de perder uma partida, nunca poderás progredir em teu jogo. Se te oferecem empate em uma posição favorável para ti, não aceita".
Porém, o ex-campeão mundial Mikhail Tal dizia: "Os aficionados do xadrez são pessoas exigentes e experimentadas, às quais há que oferecer uma verdadeira luta sangrenta. E nem sempre o vencedor da partida se faz merecedor dos aplausos. Antes, premiam com ovações aos dois contrincantes quando uma partida interessante, intensa e cheia de conteúdo, termina em empate. Em tais duelos não existem os vencidos, ambos são vencedores, e cada um dos rivais merece o elogio."
A seguinte partida corresponde à quinta rodada do campeonato da Rússia. Nela, ambos rivais merecem o elogio porque lutam denodadamente pela vitória. O empate é o resultado justo.
Brancas: A. Kharlov (2609)
Negras: S. Grigoriants (2490)
Krasnodar, Rússia, 31 de agosto de 2002
Gambito de dama, variante das troca (Eco D36)
1.c4 e6 2.Cc3 d5 3.d4 Be7 4.Cf3 Cf6 5.cxd5 exd5 6.Bg5 0-0 7.e3 Cbd7 8.Bd3 Te8 9.0-0 c6 10.Dc2 Cf8 11.Tae1 Be6 12.Cd2 C6d7 13.Bxe7 Dxe7 14.a3 Dd6 15.b4 a5 16.bxa5 Txa5 17.a4 Cf6 18.Tb1 Te7 19.Db2 Ta8 20.Db4 Ce8 21.Tfc1 Bc8 22.Ce2 Dd8 23.Ta1 Te6 24.a5 Th6 25.Cg3 Cc7 26.Cb3 Dh4 27.h3 Ce8 28.Cd2 Df6 29.Ta3 Cg6 30.Bxg6 Txg6 31.a6 bxa6 32.Cf3 Dd6 33.Dxd6 Txd6 34.Ce5 f6 35.Cxc6 Be6 36.Ce2 Rf7 37.Cf4 Tc8 38.Cxe6 Rxe6 39.Txa6 f5 40.Tc5 Cf6 41.Cb4 Txc5 42.dxc5 Txa6 43.Cxa6 Rd7 44.Cb4 Ce4 45.c6+ Rd6 46.f3 Cc3 47.Rf2 Cb5 48.Rg3 Rc5 49.Cc2 Rxc6 50.Rf4 Rc5 51.Rxf5 Rc4 52.Rf4 Rc3 53.Ca1 d4 54.exd4 Cxd4 55.Re5 Ce2 56.f4 Cg3 57.f5 Rb2 58.f6 gxf6+ 59.Rxf6 Rxa1 60.Rg7 Ch5+ 61.Rxh7, empate, ½-½
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
A verdade é de quem pensa melhor
Toda partidas de xadrez é uma veemente busca da verdade. A esta se tem definido como conformidade das coisas com o conceito que delas se tem.
O filósofo alemão Frederico Nietzsche (1840- 1900) sustentava que é verdadeiro tudo o que contribui para fomentar a vida da espécie e falso o que é um obstáculo. Assim, no xadrez, seria verdadeiro tudo o que conduz à vitória e falso o que leva à derrota. Em seu aspecto formal, o jogo-ciência é uma luta por demonstrar superioridade.
Toda partida tende a transcorrer dentro de certa lógica de sentido. Tem um ritmo e uma estrutura interna. Seu curso e direção é a que lhe permite o competidor mais hábil. Isto implica em que deve haver uma conformidade entre o que se pensa e o que ocorre no tabuleiro. A verdade é de quem pensa melhor.
O espanhol José Ortega y Gasset (1883 - 1955) assegurava que "a verdade é a coincidência do homem consigo mesmo..."
Porém Nietzsche conclui: "A verdade, como o sol, não deve ser muito luminosa: caso contrário, os homens fogem para a noite e ofuscam tudo."
Partida da oitava rodada do torneio de Biel, Suíça. Nela, o espanhol Francisco Vallejo tratou de tomar a iniciativa desde a abertura. Entretanto, o russo Alexei Dreev, com negras, não só estabeleceu uma sólida defesa semi-eslava, senão que inclusive, por momentos, criou boas possibilidades de contra-jogo. O resultado foi empate.
Brancas: Francisco Vallejo Pons (2648)
Negras: Alexei Dreev (2676)
Biel Suíça, 30 de julho de 2002
Defesa semi-eslava, (Eco D43)
1.d4 d5 2.c4 c6 3.Cf3 Cf6 4.Cc3 e6 5.Bg5 h6 6.Bh4 dxc4 7.e4 g5 8.Bg3 b5 9.Be2 Bb7 10.h4 g4 11.Ce5 h5 12.0-0 Cbd7 13.Dc2 Cxe5 14.Bxe5 Bg7 15.Tad1 0-0 16.Bg3 Cd7 17.f3 Db6 18.Rh1 e5 19.d5 cxd5 20.Cxd5 Bxd5 21.Txd5 Tad8 22.fxg4 hxg4 23.Bxg4 Cf6 24.Txd8 Txd8 25.Bf3 De3 26.Tf2 Td3 27.Te2 Dh6 28.b3 Ch5 29.Be1 Cf4 30.bxc4 Bf6 31.g3 Txf3 32.gxf4 Bxh4 33.Tg2+ Bg3+ 34.Rg1 exf4 35.cxb5 Db6+ 36.Bf2 De6 37.De2 Ta3 38.Dh5 Dxe4 39.Dg5+ Dg6 40.Dxg6+ fxg6 41.Bxg3 fxg3 42.Tb2 Rf7, empate, ½-½
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
A ordem e a disposição das coisas
Uma partida de xadrez é algo que deve ser imaginado e criado em função de determinadas relações de força, espaço e tempo. Isto supõe uma maneira de proceder, ou seja, um método.
O pensador René Descartes disse: "Todo método consiste na ordem e na disposição das coisas".
Segundo a teoria, no curso de uma partida há que ter em conta: primeiro, o desenvolvimento e o controle dos espaços; segundo, a estimativa do valor das peças e a correlação de forças; terceiro, o cálculo de variantes; quarto, as combinações; quinto, a técnica de finais.
Todo método constitui uma ordem lógica para alcançar determinado fim. Em contraposição à sorte e ao azar porque se baseia em um conjunto de regras. No xadrez, é um modo de operação em situação antagônica dentro da lógica particular da partida. Isto inclui a luta contra o método e a lógica do adversário. É um processo cognoscitivo determinado pela estratégia, pela tática, pela combatividade e, sobretudo, pelo talento e pela criatividade de cada um.
Partida do LXVIII Torneio FIDE do Clube Mercenarios
Brancas: Willy de Winter
Negras: Benjamín Góngora
México DF, 25 de julho de 2002
1. d4 Cf6 2. c4 g6 3. Cc3 Bg7 4. e4 d6 5. Be2 0 0 6. Cf3 e5 7. 0 0 Cc6 8. d5 Ce7 9. Ce1 Cd7 10. Cd3 f5 11. Bd2 Cf6 12. f3 f4 13. b4 g5 14. c5 Cg6 15. Tc1 Tf7 16. cxd6 cxd6 17. Cf2 h5 18. h3 Bf8 19. a4 Ch4 20. a5 Tg7 21. Be1 Rh8 22. Cb5 a6 23. Ca3 b5 24. axb6 Dxb6 25. Tc6 Da7 26. b5 axb5 27. Cxb5 Db8 28. Tc1 Ta2 29. Bc4 Tb2 30. Bc3 Bxh3 31. Bxb2 Bxg2 32. Be2 g4 33. fxg4 hxg4 34. Cxg4 Cxg4 35. Txf4 Bf3 36. Bxf3 Ce3+ 37. Rh1 Cxd1 38. Txh4+ Rg8 39. Bg4 Cf2+ 40. Rg2 Cxg4 41. Rf3 Dxb5, as brancas abandonam.
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
A resposta justa
No fundo, o que põe à prova a validade ou não de uma jogada de xadrez é a resposta do adversário. Resposta é a reação a um estímulo. É sinônimo de contestação, réplica, refutação.
O teórico argentino Roberto Grau, em seu "Tratado geral de xadrez", afirma: Se, como jogo, merece ser difundido, se justifica muito mais amplamente como pretexto para que o homem jovem se habitue a raciocinar, a tirar conclusões, a desconfiar do primeiro impulso e, especialmente, a sintetizar seu trabalho mental para criar o saldo da mesma: a resposta justa".
Desde outro ponto de vista, o mestre Alexander Beliavisky sustentou que uma das desvantagens do trabalho de preparação caseira consiste na falta de resposta autênticas: "Na análise caseira, a ausência da réplica do oponente leva a fazer falsas suposições sobre qual é a melhor jogada. Dificilmente um jogador de xadrez consegue ser imparcial. Inclusive na análise quando está tentando descobrir uma vitória para as brancas, ou um empate para as negras. Durante o transcurso da análise, suas simpatias por um lado ou outro podem mudar, porém não desaparecer. A imparcialidade é alheia à investigação".
E o poeta americano Walt Witman, em "Canto del resplendor" diz:
"Él es el respondedor
Responde lo que se puede responder y muestra por qué no puede ser respondido lo que no se puede responder".
Partida da quarta rodada do grupo 2 do torneio "Sparkassen", da Alemanha.
Brancas: Alexander Morozevich (2716)
Negras: Peter Leko (2717)
Dortmund, Alemanna, 8 de julho de 2002
Defesa siciliana, variante Rossolimo, (Eco B30)
1. e4 c5 2. Cf3 Cc6 3. Cc3 e5 4. Bc4 Be7 5. d3 d6 6. O-O Cf6 7. h3 O-O 8. a3 a6 9. Ba2 Be6 10. Cd5 Cd4 11. Ce3 Cd7 12. c3 Cxf3+ 13. Dxf3 Bg5 14. Td1 Df6 15. Dxf6 Cxf6 16. Bxe6 fxe6 17. Cc4 Bxc1 18. Taxc1 Tad8 19. b4 b5 20. Ca5 Tc8 21. c4 cxb4 22. axb4 bxc4 23. dxc4 Cxe4 24. f3 Cg3 25. Rf2 Cf5 26. c5 d5 27. Te1 e4 28. fxe4 Cd6+ 29. Re3 Cxe4 30. Cc4 Cxc5 31. Cd6 d4+ 32. Re2 d3+ 33. Re3 d2 34. Cxc8 dxe1=D+ 35. Txe1 Cd7 36. Ce7+ Rf7 37. Cc6 Tc8 38. Tf1+ Cf6 39. Ce5+ Re7 40. Rd4 Td8+ 41. Rc4 Td2 42. Ta1 Tc2+ 43. Rd4 Td2+ 44. Rc4 Cd5 45. Txa6 Ce3+ 46. Rb3 Rf6 47. Cc6 Txg2 48. b5 Tg3 49. b6 Cd5+ 50. Rb2 Cxb6 51. Txb6 Txh3 52. Rc2 g5 53. Rd2 Th2+ 54. Re3 Th1 55. Re2, empate, 1/2-1/2
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
A memória é ausência e presença
Entende-se por memória a faculdade do intelecto por meio da qual se recorda o passado. A psicologia explica que nos processos conscientes há alguns que devem ser considerados como efeito ulterior de atos que transcorreram anteriormente e que são vividos pelo sujeito com o conhecimento de que são impressões pretéritas.
Segundo o psicólogo e enxadrista Ruben Fine, no xadrez predominam quatro aspectos da inteligência: "memória, perspectiva, organização e imaginação". E acrescenta que para todo jogador "é indispensável recordar centenas, provavelmente milhares de posições prévias. A retenção do "expert" alcança assim tão alto grau de especialização e tanta destreza que lhe permitem realizar façanhas incríveis para o profano".
O mestre Miguel Czerniak, em seu livro "O final" sustenta: "A memória de um enxadrista não é exclusivamente automática. Ensinemos um final artístico a um aficionado e coloquemos no tabuleiro algumas peças ou peões que não tomem parte no jogo. O aficionado lembrará a posição das peças ativas, porém pode facilmente se equivocar no que se refere à situação das peças inúteis".
Em suma, a memória é ausência (o que foi) e é também presença (o memorizado). O que possibilita o ato evocativo é a meditação.
O poeta Octavio Paz disse:
"Un charco es mi memoria.
Lodoso espejo: ¿dónde estuve?"
A seguinte partida foi jogada na nona e última rodada do Torneio Sigeman, da Suécia.
Brancas: Peter Heine Nielsen, (2636)
Negras: Jan Timman (2616)
Malmoe, Suécia, 14 de junio de 2002
Gambito de dama, defesa eslava, (Eco D17)
1. d4 d5 2. c4 c6 3. Cf3 Cf6 4. Cc3 dxc4 5. a4 Bf5 6. Ce5 Cbd7 7. Cxc4 Cb6 8. Ce5 a5 9. g3 Cfd7 10. Cxd7 Dxd7 11. e4 Bg4 12. f3 Bh3 13. Bxh3 Dxh3 14. Db3 Ta6 15. Be3 Dg2 16. O-O-O Dxf3 17. The1 g6 18. d5 Bg7 19. Bxb6 O-O 20. Bd4 Bxd4 21. Txd4 Df2 22. Ted1 Dxh2 23. Dxb7, as negras abandonam. 1-0
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
O xadrez e a verdade
O grande mestre Alexei Shirov disse: "A busca da verdade no jogo concreto de caráter agudo sempre me fascinou". O escritor Albert Camus afirmava: "Existe um fato evidente que parece inteiramente moral: um homem é sempre presa de suas verdades. Uma vez reconhecidas, é incapaz de desprender-se delas".
Há verdades que podem ser entendidas de muitas maneiras. Isso, assim como tem levado a atos sublimes, pode levar a aberrações. O escritor Paulo Coelho, em "Fragmentos de um diário inexistente" diz: "Em nome da verdade, a raça humana cometeu seus piores crimes. Homens e mulheres foram queimados. A cultura de civilizações inteiras foi destruída. Os que buscavam um caminho diferente eram marginalizados. Um deles, em nome da "verdade", terminou crucificado..."
No âmbito do xadrez, o ex-campeão mundial Emanuel Lasker aconselhava: "Quando ver uma boa jogada, trate de encontrar outra melhor". Quer dizer, se um bom lance comporta uma verdade, é possível que haja outro de ordem superior, ou que exista um caminho diferente. Portanto, no xadrez como na vida é necessário questionar certas verdades caso se queira ter acesso ao melhor.
Nigel Short, em seu livro "Sobre o xadrez" sustenta: "Se estás diante de um movimento novo, pergunta-te de que modo se diferencia da teoria. Pode-se tirar algum partido desta diferença?
Na partida seguinte, o grande mestre inglês impôs sua verdade ao vencer o sueco Emanuel Berg, na sexta rodada do Torneio Sigeman, de Malmoe, Suécia.
Brancas: Emanuel Berg, (2514)
Negras: Nigel Short (2673)
Malmoe, Suecia, 11 de junho de 2002
Defesa francesa, variante Winawer, (Eco C15)
1. e4 e6 2. d4 d5 3. Cc3 Bb4 4. Cge2 Cc6 5. a3 Ba5 6. Be3 Cge7 7. e5 O-O 8. Cg3 f6 9. f4 fxe5 10. fxe5 Bd7 11. Dg4 Cf5 12. Cxf5 exf5 13. Df3 Be6 14. Bb5 Bxc3+ 15. bxc3 f4 16. Bf2 Dd7 17. O-O Cxd4 18. cxd4 Dxb5 19. Tab1 Dc6 20. Db3 b6 21. Db5 Dxb5 22. Txb5 h6 23. Be1 g5 24. Bd2 Rg7 25. Tb3 c5 26. h4 cxd4 27. hxg5 hxg5 28. g3 Tac8 29. gxf4 g4 30. Td3 Tc4 31. Bb4 Tf7 32. Tf2 Rg6 33. Bd6 Rf5 34. Rg2 Th7 35. Tfd2 Rxf4 36. Txd4+ Txd4 37. Txd4+ Re3 38. Td3+ Re4 39. a4 d4 40. a5 bxa5 41. Ta3 Tb7 42. Txa5 Tb2 43. Rg3 Txc2 44. Txa7 Tc3+ 45. Rg2 d3 46. Ta1 d2 47. Td1 Rd3 48. Bb4 Re2 49. Tf1 Bd5+, as brancas abandonam. 0-1
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
Criar é melhor que memorizar
Os enxadristas precisam ser criativos na medida em que o jogo-ciência imita a luta pela vida. A criatividade, mais do que um recurso de combate, é uma maneira de ser.
É evidente que este atributo não se explica por inspirações súbitas ou sobrenaturais, senão por certas qualidades que se desenvolvem e se aprendem... Segundo Mauro Rodrigues Estrada, em seu livro "Psicologia da criatividade", "o poder criador pressupõe uma atitude receptiva ante a realidade; uma espécie de humildade...A meditação prolongada, quase obsessiva, de temas e problemas é a água que rega o campo da criatividade. Os grandes criadores nunca se limitaram às oito horas de trabalho, nem excluíram os sábados e os domingos".
Os pensadores românticos consideravam as belas artes como as mais sublimes das atividades humanas porque supunham que nelas se revelava o absoluto. O xadrez, como arte, requer o original e o novo. Todo enxadrista joga criando ciladas, estratagemas e variantes nunca vista. A formulação de combinações e de planos estratégicos são basicamente atividades criativas.
Segundo J. P. Guilford, "A criatividade é educação no sentido mais completo, e é a chave para a solução dos problemas mais imperiosos da humanidade."
Criar é melhor que memorizar. São a compreensão e a criatividade as que dão categoria de arte ao xadrez. Exemplo disso é a seguinte partida da quinta rodada do torneio Capablanca, de Cuba.
A força criativa das brancas impõe sua própria lógica. Assim, mediante um brilhante sacrifício de dama estendem uma inexorável rede de mate em volta do monarca negro.
Brancas: A. Kogan (2540)
Negras: Walter Arencibia (2542)
La Habana, Cuba, 11 de maio de 2002
Gambito de dama, variante das trocas, (Eco D35)
1. d4 d5 2. Cf3 Cf6 3. c4 e6 4. Cc3 Ae7 5. cxd5 exd5 6. Bf4 c6 7. Dc2 g6 8. Ce5 Bf5 9. Dd2 Cbd7 10. f3 Cxe5 11. Bxe5 0-0 12. g4 Be6 13. h4 Cd7 14. Bg3 Cb6 15. e3 f5 16. g5 Bf7 17. 0-0-0 Cc4 18. Bxc4 dxc4 19. Be5 b5 20. d5 Da5 21. d6 Tfd8 22. h5 b4 23. hxg6 Bxg6 24. Dd4 bxc3 25. Dxc4+ Bf7 26. Dxf7+ Rxf7 27. Txh7+ Re8 28. Txe7+ Rf8 29. Bg7+ Rg8 30. Th1, as negras abandonam 1 - 0
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
Dois eficazes sacrifícios
Às vezes, os valores convencionais das peças de xadrez perdem vigência. É quando surgem os sacrifícios, definidos como entrega de material ou troca de uma peça por outra de menor valor teórico. Há sacrifícios de duas classes: voluntários e obrigados.
Os primeiros formam parte de um plano de ataque no curso do qual se espera recuperar com vantagem o material sacrificado ou dar xeque-mate. Os segundos, forçados, ocorrem quando um jogador se vê obrigado a entregar alguma peça ou peão para evitar males maiores.
À rigor, sacrifício é uma oferenda a uma divindade. É sinônimo de obséquio, Daí que há quem afirme que os sacrifícios enxadrísticos são uma oferenda à Caissa, deusa hindu do xadrez.
Segundo o mestre Rudolf Spielmann, em seu livro "A arte dos sacrifícios", estes representam "uma excepcional e importante fase da luta. Seu objetivo não é somente a beleza que representam, tem a comum função de aumentar a efetividade das outras peças... se possível, de maneira repentina. Em posições iguais, tem o propósito de ganhar tempo; porém a maior parte de suas vantagens consiste em poder explorar os erros cometidos pelo adversário... Um sacrifício feito no momento adequado dá a oportunidade de ganhar a partida".
Na seguinte, o lado branco faz dois eficazes sacrifícios: um de bispo e o outro de torre. O primeiro, teórico, tem por objetivo enfraquecer o roque do rei negro; o segundo, surpreendente, abre brecha para a penetração da dama e para o arremate com uma rede de mate.
Corresponde à quinta rodada de um torneio que está sendo jogado na Sibéria e que leva o nome do ex-campeão mundial Anatoly Karpov.
Brancas: Alexander Onischuk (2655) Ucrania
Negras: Givanni Vescovi (2590) Brasil
Poikosvsky, Rússia, 20 de abril de 2002
Defesa Nimzoindia, variante Rubinstein, (Eco E54)
1. d4 Cf6 2. c4 e6 3. Cc3 Bb4 4. e3 O-O 5. Bd3 d5 6. Cf3 c5 7. O-O cxd4 8. exd4 dxc4 9. Bxc4 b6 10. Bg5 Bb7 11. Te1 Cbd7 12. Tc1 Tc8 13. Db3 Bxc3 14. Txc3 De8 15. Cd2 h6 16. Bxh6! (Primeiro sacrifício para destruir o roque do rei negro) gxh6 17. Th3 Txc4 18. Cxc4 Rg7 19. Dg3+ Rh7 20. Dd3+ Rg7 21. Cd6 Db8 22. Txe6! (Segundo sacrifício para facilitar a entrada da dama) fxe6 23. Tg3+ Cg4 24. Txg4+ Rf6 25. Dh7 e as negras abandonam, 1-0
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
Atuar somente quando se está preparado
Passar à ofensiva é uma ação tática e estratégica dirigida contra o adversário. O conceito é oposto ao de defesa. Na linguagem técnica, é uma expressão que se usa freqüentemente como sinônimo de tomar a iniciativa.
Toda ação ofensiva requer certas condições prévias. Ao proceder, seja mediante a realização de um sacrifício, a exploração de um ponto fraco ou algum outro recurso tático, há que contar com peças suficientes e assegurar-se de que o adversário dispõe de menos recursos defensivos.
No mesmo sentido, o estrategista militar chinês Sun Tzu dizia: "Atuar somente quando se está preparado é a lei fundamental das artes marciais e da ação estratégica e, sem dúvida, de todos os assuntos e de qualquer ação criativa."
A teoria enxadrística diz que o ataque é a forma mais forte da luta, porém também assinala que não é aconselhável começar uma ofensiva sem preparação. Segundo Hans Muller, em seu livro "Ataque e defesa", "a melhor estratégia é sempre a de ser verdadeiramente forte, um objetivo que só pode alcançar-se com um centro firme e com forças ofensivas eficazes e dotadas de mobilidade".
A seguinte partida foi jogada na décima sexta rodada do Campeonato de Cuba. O lado branco passa à ofensiva quando conta com forças superiores, seus peões centrais são firmes e o rival dispõe de menos recursos para a defesa.
Brancas: Jesús Nogueiras (2521)
Negras: Omar Almeida (2473)
Holguín, Cuba, 18 de abril de 2002
Defesa índia de rei, sistema Smyslov, (Eco E61)
1. c4 Cf6 2. Cc3 g6 3. g3 Bg7 4. Bg2 O-O 5. d4 d6 6. e3 e5 7. Cge2 c6 8.O-O De7 9. h3 h5 10. e4 h4 11. g4 Ch7 12. f4 exf4 13. Cxf4 Cd7 14. Be3 Te8 15. Dd2 a6 16. a4 Cdf8 17. Df2 Be6 18. b3 Tad8 19. Tae1 Bc8 20. Rh1 Ce6 21. Cd3 Df8 22. Tc1 c5 23. dxc5 dxc5 24. Cd5 Cd4 25. b4 b6 26. Tcd1 Be6 27. Cxb6 cxb4 28. Cd5 Cb3 29. Tb1 Bxd5 30. cxd5 Cf6 31. Bg5 Td6 32. e5 Ch7 33.Bf4 Tdd8 34. Txb3 a5 35. d6 g5 36. Bh2, as negras abandonam.1-0
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
O bispo maldito
Chama-se bispo mau o que não pode se movimentar devido ao fato de suas casas estarem ocupadas por seus próprios peões. Ao acabar sem movimentos, converte-se em uma peça de escassa ou nula utilidade, ao menos até que possa se libertar.
O teórico argentino Roberto Grau, em seu "Tratado geral de xadrez", tomo IV, diz: "Muito se tem falado sobre o bispo mau, ou maldito, segundo expressão de Tartakower. Os jogadores de xadrez tem feito disso uma "cantilena" e muitos fundam sentenças absurdas, baseando-se na "bondade" ou desvantagem de tal ou qual bispo. Porém a experiência ensina que é perigoso estabelecer premissas tão graves como a do bispo mau em infinidade de posições e indica, por outro lado, que o bispo que a maioria dos aficionados qualifica de mau, pelo simples fato de estar encerrado, é necessário e até imprescindível para poder levar adiante planos vitais de luta. Isto não quer dizer que não haja multidão de partidas que se desnivelam estrategicamente pelo desequilíbrio de possibilidades entre um bispo bom e um mau."
O poeta peruano César Vallejo (1892 - 1938), em "Trilce" diz: "Vienen entonces alfiles a adherirse hasta en las puertas falsas y en los borradores"
O grande mestre inglês Nigel Short disse: "Os termos bom e mau costumam ser aplicados aos cavalos ou aos bispos, conhecidos coletivamente como peças menores. A efetividade das peças menores vem determinada pela estrutura de peões. Por exemplo, se o tabuleiro está bloqueado por um elevado número de peões, os cavalos são mais úteis devido ao fato de poderem saltar sobre as outras peças. Pelo contrário, os bispos podem ficar encurralados".
É o que ocorre na seguinte partida do Campeonato de Cuba. Corresponde à décima sexta rodada. Grande parte da estratégia das brancas é centrada na exploração da imobilidade do bispo negro da coluna c.
Brancas: Lenier Domínguez (2594)
Negras: Ariam Abreu (2480)
Holguín, Cuba, 18 de abril de 2002
Defesa siciliana, variante O Kelly, (Eco B28)
1. e4 c5 2. Cf3 a6 3. c4 Cc6 4. d4 cxd4 5. Cxd4 Cf6 6. Cc3 Dc7 7. Be2 e6 8. O-O Bd6 9. Rh1 Be5 10. Be3 Bf4 11. Bxf4 Dxf4 12. Cxc6 bxc6 13. Dd4 O-O 14. Tad1 e5 15. Dd6 (É evidente a intenção do bando branco de impedir a liberação do bispo negro de c8) Cxe4 16. Cxe4 Dxe4 17. Bd3 Dh4 18. Dxe5 d5 19. cxd5 cxd5 20. Dxd5 (Para liberar o bispo as negras tiveram que ceder dois peões por um) Tb8 21. De5 Bb7 (Recém entra em ação o bispo, porém...) 22. f3 g6 23. b3 Tfe8 24. Dc7 Tec8 25. Da5 De7 26. Bc4 Tc5 27. Dc3 Th5 28. Dd4 Tf8 29. Tfe1 Da3 30. Db6 Bc8 (O bispo maldito continua como tal) 31. Td8 Da5 32. Dxa5 Txa5 33. Tee8, a negras abandonam, 1-0
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
O peão fraco
A teoria enxadrística diz que peões fracos são os que não podem ser defendidos por outros.
Roberto Grau, em seu "Tratado geral de xadrez", tomo III, diz: "No xadrez, um peão avançado não pode retroceder e, devido a isso, cria problemas toda a partida.
E isto costuma ser esquecido com excessiva freqüência mesmo por jogadores de primeira força, que confiam habitualmente demasiado em seus recursos mentais para resolver situações difíceis e esquecem que as posições inferiores necessitam, para serem defendidas, da conjugação de dois fatores: o esforço próprio e a distração do rival. E nunca há que menosprezar a capacidade dos adversários".
A debilidade de um peão nasce do fato de que não pode ser defendido por outro. Segundo os teóricos B. Persits e B. Voronkov, "Quando um peão não pode ser defendido por outro, esta tarefa recai então sobre as peças, que em tal caso deverão abandonar suas outras ocupações. E como se isso fosse pouco, também as casas situadas diante de um peão fraco se convertem geralmente em pontos de acesso para as peças do adversário.
Portanto, a debilidade de tais peões se deve a que dependem das peças para sua proteção; ao ficarem obrigadas a isso, estas deixam abandonados e vulneráveis à agressão inimiga outros pontos do tabuleiro.
A seguinte partida foi jogada na décima terceira rodada do Campeonato de Cuba. Ainda que as brancas fiquem em desvantagem a partir da jogada 27, o desenlace definitivo ocorre ao ser capturado o peão débil da coluna b.
Brancas: Yuniesky Quezada (2411)
Negras: Frank de la Paz (2427)
Holguín, Cuba, 14 de abril de 2002
Abertura Ruy López, ataque Worrall, (Eco C86)
1. e4 e5 2. Cf3 Cc6 3. Bb5 a6 4. Ba4 Cf6 5. O-O Be7 6. De2 b5 7. Bb3 O-O 8.c3 d6 9. Td1 Ca5 10. Bc2 c5 11. d3 Cc6 12. Cbd2 Te8 13. Cf1 h6 14. h3 Bf8 15. C3h2 d5 16. exd5 Cxd5 17. Df3 Be6 18. Te1 Dc7 19. Cg3 Tad8 20. Cg4 Rh8 21. Bd2 Cf4 22. Bxf4 exf4 23. Ch5 f5 24. Ch2 Bd5 25. Dxf4 Bd6 26. Txe8+Txe8 27. Dxf5 Bxh2+ 28. Rh1 Df7 29. d4 Dxf5 30. Bxf5 Bd6 31. dxc5 Bxc5 32.Cf4 Td8 33. b4 Bf8 34. a4 Ce7 35. Be6 Bxe6 36. Cxe6 Tb8 37. Cc7 Tc8 38.Cxa6 bxa4 39. Txa4 Cd5 40. Ta1 Txc3 (Ainda que esteja livre, o peão branco da coluna b é fraco porque necessita ser defendido pela torre e pelo cavalo) 41. Tb1 Rg8 42. Tb2 Rf7 43. g3 Tc6 44. b5 Tb6 45. Rg2 Bd6 46. Tb3 Re6 47. f4 Ce7 48. Rf3 Cd5 49. Re4 Txb5 50. f5+ Re7, as brancas abandonam porque se 51. Txb5 Cc3+.
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
A ordem das jogadas
Ordem é a colocação das coisas no lugar que lhes correspondem; implica numa relação entre dois ou mais objetos. Segundo São Tomás, "a ordem se entende sempre por comparação com algum princípio".
No livro "Xadrez essencial", de Antonio López e José Monedero, lê-se: "Às vezes, sem nos darmos conta, invertemos a ordem das jogadas em uma determinada posição e, por desgraça, no xadrez a ordem dos fatores altera o produto. Um conselho que pode ajudar a evitar este tipo de erros é o seguinte: uma vez convencidos da jogada que devemos fazer, deixar de olhar o tabuleiro, respirar fundo, anotar a jogada na planilha e voltar a dar um olhada com uma nova perspectiva, para ver se não esquecemos de algum detalhe importante".
O filósofo Aristóteles disse: "A ordem é um dos elementos do belo combinado com o grande". Algumas correntes artísticas sustentam que os componentes essenciais da beleza são o equilíbrio, a harmonia e a eficácia do jogo.
O mestre Richard Réti dizia: "Para desenvolver bem as peças, deve-se saber a ordem em que devem ser colocadas em atividade e em que lugar devem ser situadas."
A seguinte partida corresponde à 12ª rodada do Campeonato de Cuba
Brancas: Lázaro Bruzon (2569)
Negras: N. Delgado (2506)
Holguín, Cuba, 13 de abril de 2002
Defesa siciliana, variante Najdorf, (Eco B90)
1. e4 c5 2. Cf3 d6 3. d4 cxd4 4. Cxd4 Cf6 5. Cc3 a6 6. Be3 e5 7. Cb3 Be7 8. f3 Be6 9. Dd2 O-O 10. O-O-O Dc7 11. g4 Tc8 12. Rb1 d5 13. exd5 Cxd5 14. Cxd5 Bxd5 15. Be2 Bxb3 16. axb3 Td8 17. Dc3 Cc6 18. Bd3 Tac8 19. Be4 Td6 20. Bc5 Txd1+ 21. Txd1 g6 22. Be3 Bf8 23. h4 Td8 24. Th1 Dd7 25. h5 Cd4 26.hxg6 hxg6 27. Dd2 Bg7 28. Dh2 Rf8 29. Bh6 Bxh6 30. Dxh6+ Re7 31. Dg5+ Re6 32. f4 exf4 33. Te1 Rd6 34. c3, as negras abandonam.
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
Imaginação orientada ao porvir
O xadrez é um jogo de antecipação. Durante a partida, os jogadores tratam de vaticinar imaginariamente o curso dos acontecimentos.
O cálculo de jogadas é necessariamente prospectivo (a prospectiva é uma disciplina que se refere ao futuro). No ato reflexivo, a imaginação perscruta o porvir, inventa-o, cria-o. Tudo isso em situação antagônica. Para isso deve imaginar múltiplas opções em função de um objetivo; a vitória, e sem perder de vista as possíveis respostas do adversário.
A respeito disso, a professora Maria Noel Lapoujade, em seu livro "A filosofia da imaginação" diz: "A função de antecipação da imaginação se consegue mais plena quando a atividade imaginativa se orienta até um porvir não suspeitado, não previsível, porque a determinação desse futuro se gesta desde a imaginação transgressora do presente, dirigida até a consecução de um possível, embora irreal. A antecipação pode conduzir ao descobrimento, à invenção ou à criação na arte".
Mediante o cálculo de jogadas, todo enxadrista busca o futuro, antecipa-se ao que ainda não é, trabalha com o que está em potencial, apesar da oposição do adversário.
Segundo Alexander Kotov, "uma partida moderna de xadrez é um choque lógico ou tático de conceitos que foram estudados e avaliados durante a preparação feita com grande antecedência". Durante o jogo, a imaginação vence obstáculos, supera o conhecido e prediz o porvir.
Campeonato de Cuba
Lenier Domínguez é líder do Campeonato de Cuba com 9 pontos, após 12 rodadas. Seguem-lhe, com 8.5, Neuris Delgado e Lázaro Bruzon. Na quarta e quinta posição estão Reinaldo Vera e Walter Arencibia, com 8 pontos.
Partida da 12ª rodada:
Brancas: Walter Arencibia (2542)
Negras: Lenier Domínguez (2594)
Holguín, Cuba, 13 de abril de 2002
Abertura de peão dama, (Eco D03)
1. Cf3 Cf6 2. d4 d5 3. Bg5 Ce4 4. Bh4 c5 5. dxc5 Da5+ 6. c3 Dxc5 7. Cbd2 Cc6 8. e3 g6 9. Cd4 Bg7 10. Cb5 Db6 11. Cxe4 dxe4 12. Bg3 O-O 13. Bc7 Dc5 14. Tc1 a6 15. Cd4 Ca7 16. Bg3 e5 17. Cb3 Dc7 18. Dd5 Be6 19. Dxe4 f5 20. Dc2 f4 21. Bh4 Bh6 22. exf4 exf4 23. f3 Tfe8 24. Rd1 Cc6 25. Bd3 Ce5 26.Be4 Cc4 27. Bf2 Tad8+ 28. Cd4 Bf7 29. Te1 Ce3+ 30. Bxe3 fxe3 31. g3 Db6 32.b3 De6 33. De2 Df6 34. Rc2 b5 35. a3 b4 36. axb4 Txd4 37. cxd4 Dxd4 38. Dd3 Dxb4 39. Bd5 Bxd5 40. Dxd5+ Rh8 41. Te2 Db6 42. Rb1 Bg7 43. Tc6 Db8 44.Txa6 Td8 45. Dc4 De5 46. f4 Df5+ 47. Ra2 Dd7 48. Dc2 Tc8, as brancas abandonam.
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
A função biológica do descanso
Um torneio de xadrez consiste em uma complexa e extenuante luta intelectual que requer treinamento, estudo e boa saúde. Neste sentido, não é de menor importância a função biológica do descanso, entendido como detenção de uma atividade para recuperar energia.
Segundo o psicólogo Erich Fromm, em seu livro "Ética e psicologia", "a importante função biológica do descanso consiste em regular o ritmo do organismo, o qual não pode estar sempre ativo.
A palavra "prazer", sem especificação, parece ser a mais apropriada para referir-se a esta classe de bem estar que resulta da inatividade."
O grande mestre Mikhail Botvinnik dizia: "Pode-se esperar o êxito somente se se tiver boa saúde. Antes de um torneio, há que passar uns quinze ou vinte dias ao ar livre no bosque... Há que livrar-se de tudo o que está relacionado com o xadrez uns cinco dias antes do início do torneio. Assim, poderemos descansar e não estaremos saturados de xadrez... Um dia meu de torneio é assim: obrigatoriamente, uma hora de passeio depois do desjejum, logo, meia hora de preparativos para a partida e, depois, descanso... Depois do descanso me dirijo à sala de jogo caminhando".
Porém, em uma entrevista publicada na revista espanhola "Jaque", número 443, o grande mestre David Bronstein confessou: "Direi a vocês o segredo do xadrez: a máxima aspiração do jogador é deter o relógio para, assim, poder descansar".
Partida da sétima rodada do Campeonato de Cuba 2002
Brancas: Y. Quezada (2411)
Negras: José Álvarez (2403)
Holguín, Cuba, 7 de abril de 2002
Defesa siciliana, variante Rossolino, (Eco B30)
1. e4 c5 2. Cf3 Cc6 3. d3 d5 4. Cbd2 Cf6 5. g3 e5 6. Bg2 Be7 7. O-O O-O 8. c3 Dc7 9. Te1 d4 10. De2 Ce8 11. Tf1 Cd6 12. cxd4 cxd4 13. Ce1 Be6 14. f4 f6 15. Cdf3 Tac8 16. f5 Bf7 17. g4 Cb4 18. Bd2 Db6 19. g5 Bh5 20. g6 Cc4 21. gxh7+ Rh8 22. Rh1 Ce3 23. Tg1 Cbc2 24. Bxe3 Cxe3 25. Df2 Cg4 26. De2 Ce3 27. Bh3 Bb4 28. Df2 Bxe1 29. Cxe1 Tc7 30. Bg2 Db5 31. Tb1 Tfc8 32. Bf3 Bf7 33. Ta1 Be8 34. Bd1 Dd7 35. Dg3 Df7 36. Bb3 Dh5 37. Be6 Td8 38. Tc1 Bc6 39. Cf3 Rxh7 40. Dg6+ Dxg6 41. fxg6+ Rh6 42. Tg3 Bd7 43. Th3+ Rxg6 44. Tg1+ as negras abandonam.
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
Situações terminais
No xadrez, certas derrotas costumam vincular-se, de maneira consciente ou inconsciente, a situações de caráter terminal. Muitas vezes, diante da iminência de um fracasso, só cabe tentar um esforço salvador ou a resignação. Há reveses que evocam a morte; "a morte é um camelo negro que se ajoelha diante de todas as portas", diz um provérbio turco.
No livro "Ethos, destino do homem", de Juliana González, lê-se: "A situação terminal provavelmente é a mais extrema, dolorosa e radical da existência humana. Aí, aflora como nunca a alternativa crucial entre o desespero absoluto, o sem-sentido, a morte interior, o abandono final de todo empenho; ou, pelo contrário, pode sobrevir o resgate de si mesmo, da própria liberdade e dignidade, o giro decisivo até a vida, a afirmação final dela e de seus bens, uma radical liberação e uma prova decisiva da liberdade. O "fazer frente ao destino" como presença da humana vontade de viver e de ser".
O pintor e enxadrista francês Marcel Duchamp dizia: "O xadrez... se é algo, é luta."
Partida da rodada 9 do Campeonato de Cuba
Brancas: Yuri González (2444)
Negras: M. Góngora (2408)
Holguín, Cuba, 9 de abril de 2002
Defesa siciliana, (Eco B45)
1. e4 c5 2. Cf3 e6 3. d4 cxd4 4. Cxd4 Cf6 5. Cc3 Cc6 6. Cxc6 bxc6 7. e5 Cd5 8. Ce4 Ba6 9. c4 Bb4+ 10. Bd2 Dh4 11. Bd3 f5 12. g3 De7 13. cxd5 Bxd3 14. d6 Df8 15. Cg5 Bxd2+ 16. Rxd2 Bc4 17. Dh5+ g6 18. Dh4 h6 19.Dxc4 hxg5 20. h4 gxh4 21. Txh4 g5 22. Thh1 Rf7 23. De2 Dd8 24. De3 Da5+ 25. Rc2 Rg6 26. The1 Tab8 27. b3 Da3 28. g4 f4 29. Dc3 Th2 30. Te2 Rg7 31. Rd2 Tb5, as brancas abandonam.
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
O conceito de plano
"Ao pensamento que dá vida a uma combinação se lhe chama idéia; às idéias que orientam o jogo posicional se lhes chama plano", dizia o ex-campeão mundial Emanuel Lasker.
Plano é um projeto do que se vai fazer; um esquema mental baseado na analise de uma situação dada, em função de um objetivo predeterminado.
Segundo o teórico Alexander Kotov, "os jogadores destacados aprenderam a resolver uma multidão de posições, levando a cabo um plano lógico baseado em uma avaliação e em uma análise exata. Depois de estudar o principal fator posicional existente, o jogador manobra explorando dito fator até que sua crescente superioridade lhe permita destruir seu oponente, realizar uma combinação que conduza ao mate ou conseguir uma grande vantagem material...
Os planos lógicos deixam uma profunda impressão na memória. E quanto mais trabalho analítico se faça mais precedentes deste mesmo tipo se haverão armazenado na consciência. A utilidade de tal propósito de conhecimentos é inestimável, traduzindo-se em economia de tempo e em esforço mental".
Por último, Lasker assegura: "A mente humana pode desenvolver planos em quantidades astronômicas. Porém os planos nos quais se pode acreditar são tão escassos como as razões que os faz bons. Faz pelo menos mil anos que a fraternidade enxadrística aprendeu algo sobre o planejamento. Seria imprudente concluir que o homo sapiens não é de nenhuma maneira tão sábio como se considera?
Campeonato de Cuba
Em Holguín, Cuba, está sendo realizado o Campeonato Nacional 2002. Neuris Delgado e Lenier Domínguez são líderes da tabela de classificação com 7 pontos, após nove rodadas. Seguem-lhes Reinaldo Vera, Lázaro Bruzon e Walter Arencibia com 6.5. Juan Burgos e Jesús Nogueiras, 5.5. Yuri González o Omar Almeida, 5; Rodney Pérez, 4.5; Irisberto Herrera, 4 unidades.
Brancas: A. Abreu (2480)
Negras: Irisberto Herrera (2474)
Holguín, Cuba, 9 de abril de 2002
Defesa siciliana, variante Najdorf, (Eco B90)
1. e4 c5 2. Cf3 d6 3. d4 cxd4 4. Cxd4 Cf6 5. Cc3 a6 6. f3 e6 7. Be3 b5 8. g4 b4 9. Cce2 h6 10. Bg2 e5 11. Cf5 g6 12. Cfg3 Be6 13. O-O Cbd7 14. h3 h5 15. c3 Tb8 16. cxb4 h4 17. Ch1 d5 18. a3 d4 19. Bd2 a5 20. Cf2 axb4 21. f4 Bc4 22. b3 Bb5 23. axb4 Bd6 24. Te1 Db6 25. Cc1 Rf8 26. Ccd3 Te8 27. Df3 exf4 28. Bxf4 Ce5 29. Cxe5 Bxe5 30. Ta5 Bxf4 31. Dxf4 Cd5 32. Dg5 Cc3 33. Cd1 d3+ 34. Rh1 f6 35. Tf1 Rg7 36. Txf6, as negras abandonam.
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.