Sempre houve objeções ao xadrez e aos enxadristas; inclusive foram censurados. A profundidade do jogo, sua complexidade e seus mistérios desconcertam e, não poucas vezes, aborrecem.
Um clérigo anônimo do século XVII, em um exposição intitulada "Perfídias do xadrez", lamenta: "É um grande dilapidador de tempo. ¡Quantas horas preciosas (que nunca voltarão) perdi prodigamente com esse jogo! Em meu caso, tinha uma propriedade fascinante: me havia enfeitiçado."
O diretor de cinema Richard Dembo, em entrevista com Denis Teyssou, do "Diário 16", Espanha, em 1985, declarou: "Penso que os jogadores de xadrez se reconhecem a si mesmos como seres pervertidos em seu contacto com a realidade. É uma forma de poesia, perversa, que não produz nada, que não deixa rastro, aparte de algumas anedotas, e lhes agrada."
No livro "Conversaciones com Marcel Duchamp", de Pierre Cabane, este lhe pergunta se o xadrez é a obra de arte ideal, ao que o pintor responde: "Poderia sê-lo"; porém sobre os jogadores, Duchamp, enxadrista destacado, afirma: "Trata-se de pessoas totalmente obscurecidas, completamente cegas, providas de olheiras. Loucos de uma certa qualidade, como se supõe que o seja todo artista, e não o é, pelo geral. Isto foi, talvez, o que mais me interessou."
O novelista Julien Green, escreveu em 1959, "Deveria proibir-se este jogo que desata o orgulho. Bati em meu contrincante e isto lhe enfureceu. Há algo diabólico neste passatempo que só pode acabar com a mortificação de um dos jogadores."
Partida da sétima rodada do VI Memorial Pablo Gorbea, que está sendo disputado em Madrid, Espanha. As brancas entram no meio jogo com vantagem: tanto as torres colocadas na coluna a, como o cavalo e a dama, estão em posição ideal para o assalto decisivo.
Brancas: Jan Michael Spernger (2426)
Negras: Kai Bjerring (2263)
Madrid, Espanha, 23 de setembro de 2002
Defesa siciliana, variante Rosolimo, (Eco B31)
1. e4 c5 2. Cf3 Cc6 3. Bb5 g6 4. Bxc6 dxc6 5. h3 Bg7 6. d3 e5 7. Cc3 b6 8. Be3 f6 9. Dd2 Be6 10. 0-0 Ce7 11. a3 0-0 12. b4 cxb4 13. axb4 Dd7 14. Ta3 Tab8 15. Tfa1 Tb7 16. Bh6 Tf7 17. Bxg7 Txg7 18. d4 exd4 19. Dxd4 c5 20. bxc5 bxc5 21. Dxf6 Tf7 22. Dg5 Cc6 23. Ce5 Cxe5 24. Dxe5, abandonam negras, 1-0
Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.
domingo, 30 de dezembro de 2007
Há algo de diabólico nesse passatempo
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