domingo, 30 de dezembro de 2007

A memória é ausência e presença

Entende-se por memória a faculdade do intelecto por meio da qual se recorda o passado. A psicologia explica que nos processos conscientes há alguns que devem ser considerados como efeito ulterior de atos que transcorreram anteriormente e que são vividos pelo sujeito com o conhecimento de que são impressões pretéritas.

Segundo o psicólogo e enxadrista Ruben Fine, no xadrez predominam quatro aspectos da inteligência: "memória, perspectiva, organização e imaginação". E acrescenta que para todo jogador "é indispensável recordar centenas, provavelmente milhares de posições prévias. A retenção do "expert" alcança assim tão alto grau de especialização e tanta destreza que lhe permitem realizar façanhas incríveis para o profano".

O mestre Miguel Czerniak, em seu livro "O final" sustenta: "A memória de um enxadrista não é exclusivamente automática. Ensinemos um final artístico a um aficionado e coloquemos no tabuleiro algumas peças ou peões que não tomem parte no jogo. O aficionado lembrará a posição das peças ativas, porém pode facilmente se equivocar no que se refere à situação das peças inúteis".

Em suma, a memória é ausência (o que foi) e é também presença (o memorizado). O que possibilita o ato evocativo é a meditação.

O poeta Octavio Paz disse:

"Un charco es mi memoria.
Lodoso espejo: ¿dónde estuve?"

A seguinte partida foi jogada na nona e última rodada do Torneio Sigeman, da Suécia.

Brancas: Peter Heine Nielsen, (2636)
Negras: Jan Timman (2616)
Malmoe, Suécia, 14 de junio de 2002
Gambito de dama, defesa eslava, (Eco D17)

1. d4 d5 2. c4 c6 3. Cf3 Cf6 4. Cc3 dxc4 5. a4 Bf5 6. Ce5 Cbd7 7. Cxc4 Cb6 8. Ce5 a5 9. g3 Cfd7 10. Cxd7 Dxd7 11. e4 Bg4 12. f3 Bh3 13. Bxh3 Dxh3 14. Db3 Ta6 15. Be3 Dg2 16. O-O-O Dxf3 17. The1 g6 18. d5 Bg7 19. Bxb6 O-O 20. Bd4 Bxd4 21. Txd4 Df2 22. Ted1 Dxh2 23. Dxb7, as negras abandonam. 1-0

Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.

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