domingo, 30 de dezembro de 2007

Sobre o processo de transição

No xadrez, há três etapas básicas cujo processo de transição implica em uma série de trocas qualitativas e quantitativas que todo jogador deve conhecer.

No livro "El paso al final", de E. Razuvaiev e G. Nesis, editorial Fundamentos, pode-se ler: "Sob o conceito de transição compreendemos a acelerada eliminação da maioria das peças de combate, durante a qual a partida se transforma qualitativamente.

Para isso, necessita-se de uma profunda e exata valoração do final, muito antes de que este se apresente, ou seja, durante o meio jogo. A tarefa se complica consideravelmente, pois a dificuldade de efetuar cálculos desse alcance implica, por um lado, em que o papel da intuição passa ao primeiro plano e, por outro, põe em relevo a importância dos conhecimentos teóricos. "Posto que deve haver um fio condutor da partida, o que se relaciona com a estratégia, a teoria aconselha a criar antecipadamente as condições favoráveis para passar de uma etapa a outra.

No livro "Ajedrez esencial", de Antonio Lopez e Jose Monedeiro, lê-se: "No meio jogo, apresenta-se sempre a possibilidade de jogar um final favorável; nem sempre se pode ganhar com uma brilhante combinação de mate. A compreensão adequada na transição do meio jogo ao final é um dos elementos essenciais do jogo de xadrez."

Na passagem de uma etapa à outra, além dos problemas teóricos e técnicos, também podem surgir situações de caráter psicológico. Diz Razuvaiev: "Com freqüência, o rival não se acha preparado para a brusca troca que sofre o valor relativo das peças, para a radical transformação dos planos, etc." Portanto, a chave do êxito em não poucas partidas está na compreensão e no bom manejo de certas sutilezas nas etapas de transição.

Partida do tradicional torneio de Grandes Mestres, de Sarajevo. No processo de transição do meio jogo para o final, ambos rivais combatem à beira do precipício, porém as negras dispõem de um tempo (jogada) de vantagem. É o que decide o resultado.

Brancas: Zdenko Kozul (2601)
Negras: Rustam Kasimdzhanov (2680)
Bósnia, Sarajevo, 27 de maio 27 de 2003
Sistema catalão, (Eco E05)

1.d4 d5 2.c4 e6 3.Cf3 Cf6 4.g3 Be7 5.Bg2 0-0 6.0-0 dxc4 7.Dc2 a6 8.a4 Bd7 9.Ce5 Bc6 10.Cxc6 Cxc6 11.e3 Ca5 12.Cd2 c5 13.dxc5 Tc8 14.b4 cxb3 15.Cxb3 Cd5 16.Bd2 Cc6 17.Tab1 Dc7 18.Tfc1 Tfd8 19.Dc4 Td7 20.Be1 Bf6 21.e4 Cde7 22.Td1 Tcd8 23.Txd7 Txd7 24.f4 g5 25.e5 Bg7 26.Cd2 gxf4 27.gxf4 Td4 28.Df1 Cd5 29.Ce4 Cce7 30.Rh1 Txa4 31.Bd2 Cg6 32.Df2 Tc4 33.f5 Cxe5 34.f6 Cg4 35.Dg1 Cdxf6 36.Txb7 De5 37.Cxf6+ Bxf6 38.h3 De2 39.Bh6 Cf2+ 40.Dxf2 Tc1+, As brancas abandonam. 0-1

Artigo de Javier Vargas, publicado originalmente no site Clube de Xadrez Torre21.

Nenhum comentário: